Camila Ribeiro
Mídia News
O procurador-chefe do Ministério Público Federal em Mato Grosso, Gustavo Nogami, voltou a tecer críticas à escolha do novo procurador-geral da República. Para ele, há sinais de que a indicação ocorreu em razão “alinhamento ideológico”.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) optou por indicar ao cargo, o procurador Augusto Aras, que não compunha a chamada lista tríplice. A escolha – que ainda precisa ser avalizada pelo Senado – gerou revolta entre membros do MPF.
“Se ele, por alinhamento ideológico for escolhido e se comprometeu a não atuar contra os interesses do Governo, obviamente que ele não vai sustentar o trabalho que foi feito em primeiro grau se esse trabalho for contrário ao interesse do presidente da República”, disso Nogami.
“E não é esse tipo de procurador-geral, submisso e subalterno ao presidente da República, que a sociedade precisa”, acrescentou o chefe do MPF em Mato Grosso.
As declarações foram dadas na tarde desta segunda-feira (9), após um ato realizado na Capital e que foi convocado em todo o País pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Na última semana, a ANPR classificou como um “retrocesso institucional e democrático ao MPF” a escolha de um nome que não estava contido na lista tríplice.
“Engavetadores”
Ainda durante a coletiva de hoje, o procurador Gustavo Nogami afirmou que o presidente Jair Bolsonaro, ao que parece, quer ressuscitar a figura do “engavetador geral da República”.
O apelido jocoso foi atribuído a Geraldo Brindeiro, que comandou a PGR entre 1995 E 2003. À época, de 626 inquéritos criminais que ele recebeu, apenas 60 denúncias foram feitas.
“Já vivemos uma fase de ‘engavetadores-gerais’ que nós tínhamos suplantado. Infelizmente, é isso que o atual presidente da República tem resgatado com a forma de escolha às escuras e com base em critérios de alinhamento político ideológico”, concluiu Nogami.