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JUSTIÇA Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2023, 15:05 - A | A

13 de Fevereiro de 2023, 15h:05 - A | A

JUSTIÇA / Operação Hypnos

Justiça mantém prisão preventiva de ex-secretário de Saúde de Cuiabá; ele cita compras "atípicas" em audiência

Célio Rodrigues da Silva, preso na quinta-feira (9) durante Operação Hypnos, negou que tivesse comprado os medicamentos de suposta empresa fantasma

g1 MT



O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva, teve a prisão preventiva mantida pela Justiça e, em audiência de custódia, negou ser responsável pela compra de medicamentos sem as devidas formalidades, mas falou em compras “atípicas” no período em que esteve à frente da Empresa Cuiabana de Saúde Pública, que cuida da administração das unidades e hospitais de saúde da capital.

A Operação Hypnos, deflagrada na quinta-feira (9), apontou um suposto esquema que teria se instalado, em 2021. Conforme a investigação, em tese, foram autorizados pagamentos para uma empresa que não possuiria sede física no local informado em seu registro formal, o que levou à suspeita de que seria uma empresa fantasma com sócios administradores laranjas.

Além disso, indícios sugerem que os pagamentos foram para a aquisição de medicamentos que, a princípio, não possuíam comprovação de ingresso na farmácia da Empresa Cuiabana de Saúde Pública e que nunca teriam chegado ao estoque.

Em depoimento, o ex-secretário de Saúde negou ter realizado essas compras no período em que era diretor do hospital.

“Eu era o diretor do hospital, as compras não eram feitas por mim. Tem o setor que fazia a compra, o setor que recebia e o setor que traria o processo pronto para realizar os pagamentos. Nenhum administrador tem autonomia do início da compra até o fim do pagamento”, contou.
Célio disse, ainda, que não acredita que tenha ocorrido desvios ou erros nas compras, apesar de ter visto aquisições “atípicas”, principalmente no período de pandemia de Covid-19.

As comprar foram realmente um pouco atípicas porque realmente não existia medicamentos para serem comprados, então não se estava escolhendo muito para se comprar porque se comprava o que tinha

 

“As comprar foram realmente um pouco atípicas porque realmente não existia medicamentos para serem comprados, então não se estava escolhendo muito para se comprar porque se comprava o que tinha", disse.
O ex-secretário disse que não se lembra de todas as compras que o hospital realizou, mas citou o Midazolam como um dos medicamentos mais adquiridos no período, por ser usado para sedar os pacientes entubados.

Alegando não ter sido citado nem chamado para depor anteriormente, Célio negou novamente o esquema investigado e afirmou que não tinha conhecimento dos processos das compras, que, segundo ele, eram atribuições de outras equipes.

Falta de medicamentos
Em 2020, época em que Célio estava à frente da secretaria, unidades de saúde chegaram a suspender os atendimentos por falta de medicamentos e insumos básicos.

Uma identificou inúmeros fornecedores com indicativos de irregularidades e um contrato que não teria seguido o trâmite correto de pagamento, o que levou à suspeita de que outros documentos teriam ido pelo mesmo caminho, possibilitando a existência de corrupção.

“Era um momento que não dava para escolher empresa. Na verdade, a gente estava escolhendo se tinha o medicamento ou não. Se a gente tivesse sido chamado para poder tentar elucidar, eu teria tentado contribuir, porque mesmo que não encontre um processo, tem a saída dos medicamentos para os pacientes”, afirmou.
Segundo o ex-secretário, após o afastamento, não teve mais acesso aos processos.

Prisão de ex-secretário
Célio foi preso, na quinta-feira (9), por suposto esquema na Empresa Cuiabana de Saúde Pública. Na casa dele, a polícia também apreendeu R$ 30.962 mil em dinheiro.

Ele já havia sido preso pela Polícia Federal, em outubro de 2021, na segunda fase da Operação Curare, por suspeita corrupção e lavagem de dinheiro com desvios de recursos da Saúde. Na primeira fase, ele foi exonerado do cargo.

O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então secretário e o proprietário do grupo empresarial investigado.

À época, Emanuel Pinheiro (MDB) também foi afastado da função por ordem da Justiça e o chefe de gabinete da prefeitura, Antônio Monreal Neto, foi preso temporariamente, também por fraudes na Saúde.

Em nota, a Prefeitura de Cuiabá disse que a Empresa Cuiabana de Saúde Pública, que administra os hospitais São Benedito e Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), não foi alvo da operação e que as medidas cautelares aplicadas atingem o apenas o âmbito residencial de dois servidores que atuam no HMC.

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