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JUSTIÇA Sexta-feira, 19 de Julho de 2019, 07:45 - A | A

19 de Julho de 2019, 07h:45 - A | A

JUSTIÇA / Acusados por cabo

Promotores citam ''difamação'' e pedem para ser investigados

Cinco membros do MPE dizem que acusações são "ataques desesperados" de "réus confessos"

Cíntia Borges
Mídia News



Cinco membros do Ministério Público Estadual, acusados pelo cabo Gerson Correa Júnior de cometer ilegalidades enquanto estiveram no Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), classificaram as declarações como “caluniosas, difamatórias e injuriosas”.

Durante reinterrogatório na tarde desta quarta-feira (17), o cabo Gerson acusou seis membros do MPE de usar "relatórios fraudulentos" para justificar grampos ilegais e desvio de finalidade de uma verba secreta destinada a ações de investigação.

São eles os promotores Marco Aurélio de Castro, Marcos Bulhões, Marcos Regenold, Samuel Frungillo e Célio Wilson e o procurador Paulo Prado. A nota, no entanto, não é assinada por Célio Wilson, que já está aposentado.

“Os membros do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, abaixo subscritos, vêm a público afirmar, com veemência, que não são verdadeiras as imputações caluniosas, difamatórias e injuriosas proferidas pelos réus da ação [...] em trâmite na Vara Militar”, diz trecho da nota.

Na avaliação dos membros do Ministério Público, o cabo Gerson acusou-os por “desespero” ao ter ciência de uma possível condenação na Justiça Militar.

“Em verdade, tratam-se de réus confessos que se veem na iminência de sofrerem justa condenação pelos crimes que praticaram e que, em atitude desesperada, resolveram atacar infundadamente membros da Instituição que os denunciou”, consta em trecho da nota.

Ao fim do documento, os promotores pedem para que os fatos delatados por Gerson sejam apurados pela Corregedoria Nacional do Ministério Público (CNMP), Procuradoria-Geral de Justiça de Mato Grosso e a Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado.

“Firmes no exercício incansável de suas atribuições e cientes da lisura de todos os atos praticados no desempenho dos cargos que exercem, os signatários vêm a público expor que nesta data protocolaram pedidos junto à Corregedoria Nacional do Ministério Público - CNMP, Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Mato Grosso e Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, na qual requerem a imediata instauração do procedimento cabível para a apuração de suas condutas”.

O chefe do MPE, José Antônio Borges, já emitiu um comunicado dizendo que abriu procedimento para apurar as informações que estão vindo a público devido ao processo criminal.

Acusações

Em audiências conduzidas pelo juiz Marcos Faleiros nesta terça (16) e quarta-feira (17), foram ouvidos o ex-comandante da PM, coronel Zaqueu Barbosa, e o ex-secretário da Casa Militar, coronel Evandro Lesco e o cabo Gerson Correa.

Em depoimento, o cabo revelou que os promotores Regenold, Marco Aurélio e Frungilo utilizaram “verba secreta” do Gaeco para comprar uma cadela, arrumar uma moto e até adquirir rastreador.

“Dentro do Gaeco ocorriam tais condutas, na verdade, elas se arrastam há muito tempo. Eu cito que desde a chegada do Paulo Prado isso vem acontecendo. Há falta de trato com a verba”, disse em um dos trechos do depoimento.  

Ele ainda disse que alguns telefones da deputada Janaina Riva (MDB) foram grampeados por meio de “barriga de aluguel” a pedido do promotor Marco Aurélio, chefe do Gaeco à época.

Gerson conta que o promotor gostaria de saber se a parlamentar continuaria com as irregularidades cometidas pelo pai dentro do Legislativo. 

Já em seu depoimento, coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco revelou que uma das placas Wytron, utilizada para realizar interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso, foi doada à Polícia Militar pelo ex-procurador-geral de Justiça, Paulo Prado. A informação foi reforçada em depoimento pelo cabo Gerson.

 Nas audiências os três policiais militares responsabilizaram o ex-governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, de usarem do esquema para, entre outras coisas, escutar adversários políticos.

 O reinterrogatório do trio ocorre após ele terem pedido de acordo de delação premiada negado pelo Ministério Público Estadual.

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