A colheita de soja nem terminou e os produtores rurais já fizeram os planejamentos para os próximos cultivos. E estão assustados, porque os grãos estão valendo menos!
Com a cotação da soja, saindo de R$201,35 em fevereiro de 2022 para R$171,37 em 2023 e o preço da saca de milho caindo de R$96,89 para R$85,83, de acordo com o indicador Cepea Esalq/USP, o produtor rural sofre com a desvalorização do seu produto e com o aumento no custo de produção. Isso faz a relação de troca entre grãos e insumos perder muita força neste momento.
Na prática, já se sabe que vamos ver um lucro líquido bem menor nas próximas safras para quem produz, o que deve atrapalhar os investimentos futuros nas propriedades e causar uma desaceleração na cadeia do agronegócio.
Uma movimentação diferenciada já começou no setor. É perceptível o grande impacto nas negociações da próxima safra: o produtor com margens mais apertadas, está fazendo mais contas, pensado mais e negociando pouco, o que tem atrasado o fechamento de compras. Por outro lado, a indústria ainda força uma tentativa de aumento de lucros, criando assim uma verdadeira queda de braço, onde o fator tempo e logística são os donos da bola.
Existe uma tendência natural de baixa nos insumos de acordo com a desvalorização dos grãos, porém isso não acontece ao mesmo tempo. Primeiro o grão cai e só depois o preço dos insumos acompanha a redução e o produtor rural sabe que esperar pode ser uma alternativa para fazer negócios mais vantajosos. Mas tem um problema aí: quem espera, está sujeito a ficar na fila, na hora de receber os produtos na propriedade. O que pode fazer com que o agricultor inicie o cultivo de sua safra e ainda não tenha todos os insumos na lavoura, o que gera um prejuízo ainda maior. Perder tempo durante uma safra, também é perder dinheiro!
Então, o que fazer agora? O momento é de cautela. É hora de colocar ordem na casa e sim, continuar fazendo muitas contas! Em momentos assim, em que o mercado apresenta um cenário de muitas mudanças, é que surgem grandes oportunidades para aqueles que ajustam os seus custos e preservam o caixa da empresa! É o que muitos dizem: hora de surfar em oportunidades! Até porque, não é a primeira vez que esse movimento acontece no agro e também não vai ser a última.
Gustavo Avelar é engenheiro agrônomo em Mato Grosso e atua com foco na gestão e certificação de propriedades em agricultura regenerativa