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POLÍCIA Domingo, 24 de Julho de 2022, 08:34 - A | A

24 de Julho de 2022, 08h:34 - A | A

POLÍCIA / CRIMES NA MULTIDÃO

Ladrões se aproveitam de shows lotados para fazer arrastões

Vítimas informam o mesmo modus operandi; crime é recorrente em qualquer época do ano

Mídia News



Música alta, bebidas, seus artistas preferidos e muito “empurra-empurra”. Esse tem sido o cenário perfeito para mais uma das tantas facetas do crime, os silenciosos e quase imperceptíveis arrastões de celulares durante shows.

O exemplo mais recente dessa modalidade, que vem se aprimorando cada vez mais, ocorreu a 54ª Expoagro realizada em Cuiabá há duas semanas.

Somente no dia 9 de julho, no show dos cantores Henrique e Juliano, foram 17 boletins de ocorrência registrados denunciando furtos de smartphones. Esses são os registros feitos pela Delegacia Virtual e a 1ª Delegacia de Cuiabá.

Conforme a Polícia Civil, o modus operandi dos bandidos é sempre o mesmo. Os aparelhos são furtados das bolsas ou bolsos das vítimas, aproveitando a movimentação e a multidão intensa dos eventos musicais.

O comerciante Aristeu Logrado, que tem uma loja de aparelhos celulares no Centro da capital, trabalha no ramo há mais de uma década e está acostumado a atender vítimas desses furtos após os eventos.

“Em todos os shows, em qualquer lugar, em qualquer data, acontecem os mesmos furtos, da mesma forma. Sempre alerto os meus clientes”, afirmou o comerciante.

“Da mesma forma que nós estudamos, treinamos para ser bons no que fazemos, os ‘malas’ também treinam pra isso. Eles são muito rápidos e cada vez eles se reinventam”, alertou.

O MidiaNews conversou com duas vítimas que tiveram seus celulares furtados, ambos da marca iPhone, famoso pela segurança e possibilidade de rastreamento.

Nem mesmo a tecnologia avançada das marcas foi capaz de intimidar os criminosos, que aprenderam a burlar essas medidas de segurança.

Em meio à multidão

A estudante de Odontologia Adélia Valentina Pacheco, de 27 anos, foi uma das vítimas do show do dia 9. Acompanhada de oito pessoas, ela teve o celular furtado de dentro da bolsa no caminho do caixa até os amigos. “Não foi mais do que trinta metros”, afirmou.

Adélia conta que foi buscar mais bebidas para diluir o destilado, usou o cartão virtual do celular, guardou o aparelho no bolso e voltou.

Segundo ela, o local estava lotado e precisou se espremer entre as pessoas. Durante o trajeto, sem perceber, foi furtada.

“Quando eu chego lá e eu olho, a minha bolsa estava aberta. Na hora eu soltei as coisas. Eu tinha acabado de pagar a bebida com o meu celular, foi só passar entre as pessoas e ele sumiu”.

“A pessoa é tão malandra, é tão coisa de gente profissional, que tem o macete até de abrir a bolsa”.

O mesmo modus operandi foi usado no caso da cabeleireira Anathielly Moresco, de 22 anos, meses antes.

No dia 21 de maio, ela veio exclusivamente de Rondonópolis a Cuiabá para assistir ao show Garota Vip.

Acompanhada de uma amiga, ela foi ao banheiro e enfrentou uma situação similar, se viu espremida na multidão.

“Estava insuportável de gente. Aí começaram a nos trancar, a apertar. Nessa eu senti puxarem a bolsa. Quando eu puxei de volta, ela já veio sem o telefone”.

Pouco depois de voltar com ao restante dos amigos, Anathielly ouviu de outras três jovens que também haviam sido furtadas no banheiro, quase que no mesmo momento que ela.

Por pouco o namorado da amiga também foi uma vítima. “A gente estava em pé no show e a minha amiga estava com a mão no bolso do namorado dela. Passou um rapaz e enfiou a mão dentro do bolso dele. Na hora que o ladrão sentiu a mão da minha amiga, ele saiu correndo”.

Antes de ir embora do evento, a jovem ouviu de outras duas mulheres, que elas também foram alvos da quadrilha.

“São várias pessoas que fazem esses furtos, não é uma pessoa só. Foi questão de minutos para rastrear o meu telefone e já deu desligado”.

Reinventando-se

Tanto Adélia quanto Anathielly tentaram ligar para o aparelho e rastreá-lo, quase que imediatamente, mas nada conseguiram, pois ele já estava desligado.

No caso de Adélia, ela praticamente presenteou os bandidos com o seu aparelho, enganada pela engenhosidade dos criminosos.

“Era um iPhone 12 Pro. Eu praticamente dei para eles um celular novo, eu dei R$ 5 mil pra eles”, lamentou.

Adélia tentou ligar para o aparelho e, como imaginava, não obteve sucesso. “Pensei: vou colocar modo perdido e mandar mensagem falando que eu pago recompensa pelo celular”.

Seu chip foi colocado em outro aparelho e na tarde do dia seguinte ela recebeu uma mensagem dizendo: “Alerta Apple: lphone 12 Pro emitiu uma nova localização. Acesse:”, e em seguia um suposto link de acesso.

A estudante acessou o link e entrou com o seu login do Icloud (buscar Iphone). Nesse momento, automaticamente, sem saber, ela se deslogou do aparelho e deu acesso irrestrito aos bandidos.

“É uma coisa surreal, nunca presenciei um trem desses na minha vida. A gente compra iPhone porque é seguro, e eles fazem um link em que até a página é a cara do original”.

“Eu assisti, eu Adélia, apagando o meu iPhone. Quando vi que eu tinha desconectado ele, que era um link de fraude, de haker eu abri a boca em frente do meu notebook e comecei a chorar”.

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