Allan Mesquita
Folha Max
A médica infectologista Marcia Hueb alertou que Mato Grosso deve viver uma nova “explosão” de casos e mortes por coronavírus a partir das próximas semanas. De acordo com a especialista, o aumento expressivo deve ser alavancado pelas aglomerações que ocorreram durante as confraternizações de Natal e Ano Novo.
“A nossa perspectiva atual não é boa, no Brasil como todo e em Mato Grosso especialmente. Estamos vindo de festas e de datas comemorativas com aglomerações que são de risco extremo. Nós sabemos que não tem como adotar medidas de prevenção na aglomeração. Com isso, em 7 ou 15 dias devemos ter um número mais elevado do que já temos”, disse nesta segunda-feira (4), durante entrevista ao Bom Dia MT.
De acordo com Hueb, as perspectivas são preocupantes para os próximos dias. Isso porque, mesmo com a pandemia e ações restritivas contra a propagação da Covid-19, diversas pessoas se reuniram para celebrar as festividades de fim de ano em Cuiabá e em outros municípios do Estado. Além disso, vale ressaltar que parte população viajou para outros Estados, onde a infecção está muito alta.
Só neste domingo (3), a Secretaria Estadual de Saúde confirmou 434 novos infectados pela doença. Mesmo diante dos dados, a médica pontua que algumas pessoas ainda acreditam na tese de que a pandemia está normalizada no Estado. “Nós acostumamos com um número muito alto de infectados e de óbitos. Isso não é nada normal. A gente percebe que alguns vivem como se estivesse em uma realidade paralela, mas não é, estávamos em plena ascensão”, complementou.
A especialista esclarece ainda que os aumentos registrados nos últimos dias não se trata de uma “segunda onda”, mas sim da “primeira onda” que nunca diminuiu. “A gente nunca saiu da primeira onda, nós não chegamos a ter uma queda no número de infecções e isso é bastante claro nas curvas quando comparado a outros países do mundo. No nosso caso, a gente apenas estabilizou em um patamar elevado que voltou a subir. Em alguns lugares, esse momento pode ser considerado até pior que o começo”, explicou.
Por fim, a infectologista enfatizou ainda que a situação é mais preocupante diante das indefinições para o inicio da vacinação no Brasil. “Ainda temos um longo ano onde as precauções precisarão ser tomadas. Mesmo tendo a vacina, temos que lembrar que enquanto pequenas parcelas da população ainda não estiverem imunizadas nós não vamos estar liberados para não usar máscaras ou para aglomerar”, concluiu.