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05 de Maio de 2025, 12h:50 - A | A

GERAL & ECONOMIA / FALTA MÃO DE OBRA

Com 3 mil vagas abertas, supermercados estudam trazer trabalhadores de outros estados para MT

Para o economista Vivaldo Lopes, situação se deve ao aquecimento da economia e o pleno emprego em Mato Grosso

Repórter MT



As redes de supermercado vêm enfrentando dificuldades para preencher as vagas de emprego abertas em Mato Grosso. Em entrevista ao Repórter MT, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sincovaga), Kassio Catena, estimou em 3 mil as vagas abertas e que não estão sendo preenchidas.

“Creio que essa não é uma dificuldade apenas do setor supermercadista. A gente tem lá junto à Federação do Comércio vários sindicatos patronais ligados e esse problema que a gente enfrenta, ele é comum a todos, todos os setores, tanto material de construção, óticas, supermercado, varejo, vendedores, a gente tem também no setor de atacados”, explicou.

“Existe uma demanda para todos os setores e não há pessoas disponíveis, não tem gente para trabalhar. Em todos os setores. A gente tem desde os setores de baixa qualificação até os mais qualificados”, acresentou.

Mato Grosso teve, em 2024, a menor média anual de desocupação do país, estimado em 2,6%. Na prática, isso significa que Mato Grosso tem pleno emprego, isto é, o estado vive uma situação em que a maioria das pessoas que querem trabalhar encontram emprego.

Para Kassio Catena, já seria o caso de promover políticas públicas para trazer brasileiros de outros estados para cá.

“Uma política de governo do Estado para trazer gente para dentro do nosso estado. Nós precisamos ter um atrativo para que essa população venha para o Estado. E não é só Cuiabá e Várzea Grande não, são cidades grandes como Sinop, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Primavera do Leste, todas elas estão com a mesma dificuldade”, defendeu.

O que está por trás desse fenômeno?

Para Kassio, uma das explicações possíveis para a dificuldade do setor em contratar trabalhadores está na política social do governo. Na visão dele, muita gente prefere não ser fichado em um emprego convencional para não perder algum auxílio.

“E eu creio que a grande dificuldade nossa hoje, uma das maiores, eu creio, é a concorrência com os com o governo, com os benefícios sociais que existem hoje. Então, não creio que o setor supermercadista paga mal, pelo contrário, ele paga aí quase 20% a mais que o comércio normal, que a gente sabe que é o mínimo. E o que eu vejo é que o funcionário hoje, ele não quer se sujeitar para trabalhar, sendo que ele tem muitos benefícios por parte do governo, sejam eles bolsas famílias, auxílio, alimentação, vale gás, entre outras”, opinou.

O economista Vivaldo Lopes, em conversa com o Repórter MT, mostrou uma opinião diferente. Para ele, essa realidade diz respeito a uma faixa de renda específica, mas que não explica a falta de candidatos para vagas de ensino superior, por exemplo, que também estão em falta.

“Isso só é verdadeiro em determinada faixa de da mão de obra, que é essa faixa de baixa qualificação e de renda baixa e que precisa do Bolsa Família. Mas se ele for contratar um engenheiro, um advogado, um economista, um administrador de empresa, um engenheiro de dados, um analista de sistema, ele vai também ter vai sentir a falta [de candidatos interessados]. Por quê? Porque o mercado está aquecido. Então, essa lenda urbana de que o desemprego é apenas por Bolsa Família não é verdadeira”, explicou.

O economista discordou, ainda, da ideia de o Governo do Estado trazer trabalhadores para Mato Grosso. Para ele, isso não é papel da administração pública, mas das empresas que estão tendo dificuldade no recrutamento e seleção.

“Não é viável, não é o Estado que atrai mão de obra, quem atrai mão de obra são as empresas. O Estado não pode fazer nada sobre isso e aliás é bom que não faça”, disse.

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