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GERAL & ECONOMIA Sexta-feira, 04 de Junho de 2010, 14:26 - A | A

04 de Junho de 2010, 14h:26 - A | A

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Ministro João Alberto é palco de prostituição

A via mais nobre de Barra do Garças padece. O comércio intenso e a movimentação de pedestres durante o dia na Ministro João Alberto cedem lugar, à noite, a travestis e mulheres que realizam programas sexuais.



Historicamente, a avenida Ministro João Alberto sempre foi a preferida dos barra-garcenses para o comércio e lazer. Mas, nos últimos anos, outro tipo de público está transformando a fama daquela que é considerada a via mais nobre da cidade.

Se durante o dia, o brilho é reservado às vitrines de lojas, à noite, tudo muda e quem dá as ordens são os travestis e as prostitutas. A degradação torna-se mais visível a partir das 21h, e piora durante a madrugada. O novo lar da prostituição ganhou força por vários motivos. Um deles é a segurança que a via oferece, por ser bem iluminada intimidaria ladrões e agressores.

A faixa de atuação que começa nos arredores da Escola Estadual Marechal Gaspar Dutra e se estende por várias quadras até a Rua Liberdade, próximo a uma concessionária de automóveis. Na região, algumas travestis trabalham sozinhas e não são controladas por cafetinas.

Moradores que preferem não se identificarem, reclamam que a presença desses grupos atrai a atenção de pessoas mal-intencionadas, desvalorizam imóveis e que brigas e badernas seriam comuns. Ao contrário de outros tempos, os travestis se tornaram maioria e não têm pudor.

Um frentista de um posto de combustível, que fica próximo ao ponto de prostituição, conta que muitos deles fazem programas na rua, em entradas de garagem ou atrás de muros, o que constrange moradores dos arredores e trabalhadores. Ele conta, por exemplo, que “alguns se exibem apenas de calcinha e sutiã”.

– Não vou chocar crianças e pessoas de mais idade porque só estou ali tarde da noite – defende-se Priscila, um dos travestis que atuam na esquina da avenida, em frente a uma loja de produtos agrícolas.

Outras travestis, porém, são mais discretas. Três jovens de 20 a 26 anos escolheram a esquina da avenida, por ser um ponto antigo de prostituição. Elas fazem questão de salientar que não usam drogas e preferem roupas menos chamativas. Em noites de maior movimento, chegam a fazer de 5 a 8 programas cada uma.

– O preço é tabelado. Algumas abaixam o valor, mas essas são “varejões”. Não temos vergonha de ficar na avenida porque tem gente que anda de terno e gravata e faz coisa muito pior – diz uma delas.

Homens fazem parte de 99% da clientela que solicita os serviços sexuais. Porém casais também fazem parte da clientela dos travestis. Priscila, 21, já se prostituiu em várias cidades do Estado, mas nem sempre teve o retorno financeiro esperado. Tudo mudou quando veio para Barra do Garças, há dois anos. Priscila comemora porque a clientela é farta, o ponto é seguro e a atividade é tolerada pelas autoridades e por boa parte da população. Para ele, não há melhor vitrine para programas sexuais na cidade do que a avenida. Dependendo do movimento, ela fica até o amanhecer.

– A maioria dos clientes são casados ou tem namorada. Alguns são médicos, advogados e até políticos. Um casal de advogados e um vereador são clientes freqüentes. Vim para cá porque ouvi falar que a cidade é boa para ganhar dinheiro – diz Priscila.

Existe uma regra para quem freqüenta a Ministro: “ninguém pode interferir no trabalho do outro, mas não existe ponto marcado.”

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