JUSTIÇA Terça-feira, 28 de Setembro de 2021, 07:07 - A | A

28 de Setembro de 2021, 07h:07 - A | A

JUSTIÇA / "HAJA PÃO"

CPI diz que empresa de cuiabano usou padaria para lavar dinheiro

Trento é um dos alvos da Comissão Parlamentar, onde prestou depoimento na semana passada

Mídia News



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado investiga empresas ligadas ao empresário cuiabano Danilo Trento, dono da Primarcial Holding e Participações, por suposta lavagem de dinheiro.

Segundo o vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em uma das transações suspeitas, a Primacial fez transferências para a empresa Elite Participações, que repassou dinheiro para quatro padarias.

As tranferências teriam sido feitas entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020. Uma delas supera o valor de R$ 9,5 milhões. “A Elite é a que chama mais atenção. Algumas transferências vão da Primarcial para quatro padarias, uma transferência é de R$ 9 milhões. Haja pão”, comentou o senador em coletiva.

Trento é um dos alvos da CPI e prestou depoimento na semana passada. Ele é diretor da farmacêutica Precisa Medicamentos, que tem como dono Francisco Maximiano, que também é investigado na comissão.

A Precisa Medicamentos foi a intermediária do contrato entre o Ministério da Saúde e a empresa indiana Bharat Biotec para aquisição da vacina Covaxin. Com suspeita de corrupção, o contrato, no valor de R$ 1,6 bilhão, foi cancelado. 

Uma das transferências suspeitas foi para uma empresa chamada WFQ, que, segundo o senador, já teria sido alvo da Polícia Federal.

“Há outra transferência, de quase R$ 600 mil. É para a empresa chamada WFQ. Essa empresa é localizada em São Paulo, que é investigada pela Polícia Federal por esquema de criptomoedas e de trafico de drogas”, disse o senador.

“Lavadora de dinheiro”

Segundo o vice-presidente da CPI, há uma “rede de informações” que ligam Danilo Trento a uma “lavanderia” de dinheiro. Além da Elite, conforme o senador, há também a empresa Barão Turismo.

A CPI encontrou documentos que relatam que a Barão Turisto criou uma offshore no estado de Wyoming, nos Estados Unidos, considerado um "paraíso fiscal".

Segundo Randolfe, as empresas de Trento e de Marcos Tolentino, suposto dono da empresa FIB Bank, transferiram dinheiro para a offshore no decorrer do ano de 2020. Ocorre que, em fevereiro deste ano, as transferências crescem.

“No mês de fevereiro de 2021, quando é assinado o contrato para aquisição da vacina que nunca veio pro Brasil, com a Precisa e o Ministério da Saúde, as transferências para a Barão Turismo crescem exponencialmente, e a Barão abre um offshore em Wyoming nos Estados Unidos”. 

“Está caracterizado o crime de evasão de divisão, e percebemos nisso indícios de que está empresa foi montada para esquema de propina”.

“Tudo indica que a abertura da offshore era para os recursos das empresas do grupo, inclusive da empresa do senhor Danilo, serem transferidos por essa offshore nos Estados Unidos. A Barão Turismo é a lavadora de dinheiro, e o salto das transferências é no mês de fevereiro, mês da assinatura de contrato”, apontou.

A oitiva

Danilo Trento foi ouvido na última quinta-feira (30) na CPI da Covid. Ele se negou a responder a maioria dos questionamentos. 

A CPI suspeita que a Primacial tenha sido usada para “lavagem” de dinheiro em um esquema com o Governo Federal. 

Ele ainda foi apontado pelo lobista Marconny Faria, em depoimento à CPI, como o verdadeiro “dono” da Precisa, aquele com quem as conversas sobre as intenções da Precisa em contratos com o Ministério da Saúde eram tratadas.

“Eu sou diretor institucional da Precisa Medicamentos”, garantiu Trento quando foi questionado sobre suas acusações.

A comissão ainda apontou que foram recebidas informações de que “Danilo e Maximiano viajaram juntos à Índia para as negociações em torno dos testes de Covid e da vacina Covaxin”.

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Secom MT

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