Thaiza Assunção
Midia Jur
O doleiro Lúcio Funaro afirmou que o empresário Joesley Batista, do grupo J&F, dono da JBS, poupou seu primo Fernando Mendonça, de Mato Grosso, em sua delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
A afirmação foi feita nesta quarta-feira (28), durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES na Câmara Federal em Brasília.
Conforme Funaro, Mendonça atuava como operador de Joesley em fraudes contra a ordem tributária no Estado.
Mendonça tem empresa do ramo atacadista em Várzea Grande e atuou na campanha do ex-governador Pedro Taques (PSDB), quando este disputou o Senado em 2010 pelo PDT.
“Ele poupou um primo dele, que se chama Fernando Mendonça, que é do Mato Grosso, que era o operador dele no Mato Grosso, no caso de ICMS. Então, ele foi omitindo, omitindo, omitindo, e depois, agora, depois que ele teve esse problema perante a PGR e os órgãos de fiscalização, não sei se ele resolveu contar a verdade, se ele continua tentando manipular. Mas eu acho que hoje as autoridades brasileiras estão muito preparadas para encararem esse tipo de pessoas que não estão dispostas a fazerem uma delação por completo”, disse Funaro.
O doleiro, no entanto, não deu mais detalhes sobre a suposta atuação de Mendonça em favor de Batista em Mato Grosso.
Funaro é apontado como operador do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Em sua delação premiada, ele afirmou que a JBS tinha um esquema de sonegação de ICMS, obtido mediante pagamentos de propinas a políticos no Estado.
Delações
A delação de Joesley relata que a JBS pagou R$ 10 milhões ao ano, entre 2012 e 2014, para o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) conceder incentivos fiscais no valor de R$ 74,6 milhões ao grupo em Mato Grosso.
Em sua delação premiada, o próprio ex-governador reconheceu que recebeu propina da empresa.
Em 2011, de acordo com a delação de Joesley, Silval Barbosa alterou o regime de recolhimento de ICMS no Estado. Com isso, empresas como a JBS passaram a pagar uma alíquota efetiva de 3,5%, enquanto outras que pagariam de 0% a 1% de impostos, já que eram beneficiárias do Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso).
Diante de reclamações do empresário Wesley Batista, irmão de Joesley, Silval teria concedido incentivos fiscais à JBS para que tais benefícios "abatessem" o crescimento da alíquota. Em troca, foi exigida propina de R$ 10 milhões ao ano.
Os pagamentos de propina, na ordem de aproximadamente R$ 30 milhões, foram pagos ao longo de três anos ao ex-governador.