Assessoria
Semana Científica do Araguaia
Evento aconteceu na manhã dessa terça-feira (26) no cinema da UFMT de Barra do Garças e teve como objetivo chamar a atenção dos presentes para os enfrentamentos das mulheres com filhos em ocuparem o meio acadêmico e científico.
As professoras Cristina Batista e Patrícia Kolling abriram o debate com relatos de suas vidas como produtoras de ciência e mães. Elas relataram sobre o processo de exclusão das crianças em espaços acadêmicos e de como isso afastas as mulheres do meio científico.
“Hoje em dia, grande parcela das ocupações dentro dos espaços acadêmicos são de mulheres, então é necessário discutir esses assuntos. Pois se essas crianças não são bem-vindas, essas mães também não são bem-vindas", afirma Patrícia.
Em seus relatos as professoras contam que as obrigações e prazos acadêmicos continuam as mesmas logo depois da maternidade. Mesmo essas mulheres tentando continuar seus objetivos acadêmicos, muitas vezes a sociedade as recriminam pela escolha. “Somos vistas como número, como um lattes, como uma carga horária. Só que para sermos tudo isso, ainda há uma demanda invisível de um relógio invisível, de um corpo invencível que precisa lidar com noites e dias com suas mudanças, seja a cada gravidez ou a cada enfermidade. E ainda exigem que a gente esteja linda e plena. Essa é a sociedade que nos espera para uma ciência marcada de lágrimas e dor”, comenta Cristina.
A falta de estrutura para as mães nos meios sociais e acadêmicos foi tratada juntamente com relação ao processo de afastamento dessas mulheres, como comentou o professor do curso de Letras Luis Bitante.
“Nós também devemos problematizar a carência de espaços direcionados às mulheres que tem filhos dentro das universidades. O governo e a sociedade devem enxergar essas mães e acolhê-las para que seu desenvolvimento acadêmico seja feito de uma forma mais plena”, destaca.
Finalizando, as professoras reafirmaram a importância de mulheres produtoras de sua própria história e de conteúdos científicos. “Por trás de cada mulher há uma estória que ainda não é dividida e não é compartilhada”, conclui Patrícia.