Rodivaldo Ribeiro
Folha Max
O coronel Valdemir Barbosa, que atuou como juiz no caso dos grampos, considerou que a Polícia Militar de Mato Grosso conseguiu dar resposta adequada à sociedade com a condenação do coronel Zaqueu Barbosa, absolvição dos coroneis Evandro Lesco, Ronelson Barros e do tenente-coronel Januário Batista, além da concessão do perdão judicial ao cabo Gerson Correa Junior.
Ele avaliou todo processo como "um julgamento célere e justo", que deveria ser exemplo para as outras instituições com membros envolvidos no escândalo da Grampolândia Pantaneira.
O juiz militar também cobrou diretamente punições aos primos Pedro e Paulo Taques — respectivamente ex-governador e ex-secretário-chefe da Casa Civil. “São dois anos trabalhando neste processo.
A opinião pública mato-grossense, desde o início, falava que por ser um conselho formado por coronéis, a corda iria arrebentar do lado mais fraco, e quem pagaria por isso era o cabo”, admitiu em entrevista coletiva logo após o julgamento na 11ª Vara Criminal Especializada em Justiça Militar da Comarca de Cuiabá, na noite desta quinta-feira (07), quando o ex-comandante geral da PM ouviu uma sentença de oito anos de prisão em regime semiaberto e perda da patente a um posto imediatamente abaixo.
“Eu fiz de tudo para que neste processo a verdade real viesse à tona. E ela veio através do Cabo Gerson. Ele falou a verdade e depois foi acompanhado pelo coronel Lesco. Infelizmente, o coronel Zaqueu não trouxe toda a verdade para os autos e por isso vocês viram a condenação do colega coronel Zaqueu Barbosa a oito anos em regime semiaberto”, explicou.
Sobre a perda de patente a um militar já aposentado —em termos civis; na reserva, em termos militares —, o também coronel explicou que tudo segue como antes da condenação, pois os 30 anos de contribuição dele ao Fundo de Previdência Estadual já haviam sido recolhidos. Inclusive, o salário dele não sofrerá redução.
“Ele perde a patente de coronel pelo TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso), segunda instância, mas não perde salário porque tem a contribuição dos 30 anos que ele fez. O MT Prev é quem paga os nossos salários e não o governo de Mato Grosso. O MT Prev, lógico, é do governo, mas nós contribuímos para receber esse salário”.
A questão da perda da patente ainda pode ser recorrida e o salário não se altera porque a lei não permite reduções de salário.
MPE E PJC
Agora, anuncia coronel Barbosa, o que espera a corporação é que as outras instituições envolvidas, como a PJC (Polícia Judiciária Civil) e o MPE (Ministério Público Estadual), punam exemplarmente seus agentes e promotores de justiça envolvidos.
Afinal, era seguindo ordens e auxiliando também eles que os militares cometeram os desvios ali julgados, porém foram devidamente responsabilizados.
“A Justiça Militar é célere, é rápida. O julgamento aqui já aconteceu. Eu quero ver se vai ter julgamento do ex-governador Pedro Taques e quem vai julgar. Se vai ter julgamento do ex-secretário Paulo Taques, financiador do programa Sentinela, e quem vai ser. A corregedoria da OAB, do Ministério Público? A nossa parte da justiça militar nós já fizemos. Tem outras pessoas que fizeram barriga de aluguel, como promotores públicos, delegados, quem vai julgá-los? Quero ver as outras instituições e quero que a sociedade mato-grossense também cobre isso”.
O coronel e juiz militar considerou, por fim, que o efeito à instituição PMMT foi bastante ruim perante o povo de Mato Grosso, mas o efeito para a Polícia Militar, apesar de ruim em Mato Grosso, mas foi deletério mesmo à Corporação aconteceu frente ao resto do Brasil.
“Não só no estado de Mato Grosso, mas no Brasil todo. A imprensa nacional fala sobre a Grampolãndia Pantaneira e não fala de MP, não fala de ex-governador, não fala de ex-secretário, quando se fala na imprensa nacional é só da minha instituição, a Polícia Militar, por isso que nós ficamos no prejuízo por enquanto. Eu espero que a justiça seja feita a todos os culpados não só aos policiais militares”.