Por ocasião das minhas férias, resolvi viajar a Minas Gerais. Foi um verdadeiro caos em alguns momentos, por conta das péssimas rodovias. Os piores trechos em Mato Grosso, na BR-158, especialmente entre Água Boa e Nova Xavantina. Falta acostamento, falta sinalização horizontal e vertical, a pista está enchendo de buracos novamente, sem falar que a recente operação tapa-buracos, já se mostra deficitária. Enfim, tapa-buracos é a promessa dos políticos do governo que prometem, mas a obra que chega à população é uma ‘nhaca’ mesmo.
Quando entramos em Goiás, algumas coisas mudam. As rodovias ficam melhores, em sua maioria. Especialmente as rodovias estaduais.
No entanto, quando pegamos a BR-070 adiante de Jussara, onde muitos mapas e a internet nos informam que a rodovia estava asfaltada, uma surpresa: andamos alguns quilômetros e a rodovia fica sem asfalto. Andamos 2 quilômetros em estradas de chão, e o asfalto retorna. E assim a viagem prossegue. Intercala-se asfalto com chão e trechos de atoleiros.
Conversei com um dos moradores ao longo dessa prometida BR-070, no interior de Itapirapuã. Ele disse que, graças a alguns políticos, essa rodovia não está concluída e hoje, ninguém sabe quando será. Na mesma região, encontramos os primeiros trilhos de trem. Apenas quatro funcionários na obra da ferrovia, mas foi compensador ver aquela obra fantástica. Oxalá que esses trilhos passem realmente pelo Araguaia muito em breve...
Pego em seguida um trecho de Anápolis a Brasília. Pista dupla, excelente obra com qualidade invejável, que falta na maioria das estradas desse país. O dinheiro ali parece que foi bem gasto.
Pasmem! Quando entramos no Distrito Federal, como ali é o coração do poder no país, achei que veríamos uma melhor infra-estrutura. A realidade é diferente. Trafeguei por algumas rodovias DF e foi um caos. Totalmente desniveladas. O tapa-buracos é feito não se levando em conta o nível do asfalto velho. O material novo ou fica mais alto que o asfalto, ou mais baixo, causando um desnível e ondulações que não são nada agradáveis para quem transita ali. Costumo dizer que temos carros de primeiro mundo com estradas de terceiro mundo. Alguém me contradiz?
Num instante, entro na capital de todos os brasileiros. Outro mundo. O sistema é muito bom… Mas para quem conhece. Vemos o mesmo trânsito pesado e lento de outras grandes cidades. Mas tudo é bonito, bem feito e com bom gosto. Volto então para as rodovias do Distrito Federal, ruins.
Continuo a viagem e então acesso a BR-251 rumo à Unai (MG). Essa de novo uma rodovia de primeiro mundo. Bem sinalizada e asfalto excelente. Descobri que em menos de mil quilômetros, passando por três estados e o Distrito Federal, encontramos um Brasil de grandes contrastes.
Me pergunto: como é possível vermos tamanha disparidade, isso falando apenas no quesito rodovias? Será que o dinheiro vale menos em Mato Grosso e Distrito Federal? Ou tem outra coisa errada nisso tudo?
Pensando nisso tudo, lembrei que há poucos dias, uma mulher foi flagrada recebendo dinheiro. Há poucos meses, políticos eram pivô de escândalo de corrupção, justamente no Distrito Federal. Quem sabe o dinheiro que deveria ter servido para recuperar as rodovias, não tenha caído no ralo da corrupção?
E pensando melhor ainda, Mato Grosso também teve gente envolvida em escândalos. Tem até deputado estadual com mais de 100 processos, a maioria, bem cabeludos.
É… parece que já sabemos por que em alguns lugares, as obras acontecem, e em outros, elas são apenas promessa política. Está na hora da população cobrar os políticos, e não recebê-los como se fossem deuses.
Temos que lembrar que os políticos são nossos funcionários, e não, que nós precisamos aplaudi-los e dizer amém para tudo o que fazem ou deixam de fazer.
Cada vez tenho mais certeza de uma coisa: precisamos acabar com a indústria da reeleição. Quanto menos tempo um político permanecer no poder, menos chance terá de se corromper.
*Inácio Roberto Luft - Locutor e repórter da Rádio Interativa e Jornal Interativo em Água Boa - MT