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O general Júlio Cesar Arruda, natural de Cuiabá, que comandou o Exército Brasileiro por aproximadamente 30 dias, no início do Governo Lula (PT) em 2023, será uma das 81 testemunhas arroladas por acusação e defesa, na ação penal da trama golpista que tem o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) entre os réus, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento deve acontecer na próxima quinta-feira (22).
Nesta data, iniciam os depoimentos das testemunhas de defesa do delator, coronel Mauro Cid. O oficial foi ajudante de ordens de Bolsonaro entre 2019 e 2022.
A expectativa é que as declarações do general Júlio César Arruda possa corroborar com a delação premiada de Mauro Cid. Isso porque, em depoimentos anteriores, teria rejeitado a proposta de golpe de Estado para impedir que Lula assumisse a presidência do Brasil em 1º de janeiro de 2023.
A proposta teria sido apresentada pelo general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República no Governo Bolsonaro às vésperas da posse de Júlio César Arruda como comandante-geral do Exército, em 30 de novembro de 2022. O encontro entre os oficiais teria ocorrido dois dias antes.
“O senhor vai assumir o comando depois de amanhã. O senhor tem de fazer alguma coisa!", teria dito Mário Fernandes. Já Júlio César Arruda teria sido bastante rude com o seu colega de farda e acabou o expulsando do gabinete, juntos com os dois coronéis do Exército, que o acompanhavam na ocasião.
O general cuiabano ainda teria dado a ordem para que os três oficiais nunca mais voltassem em sua sala enquanto fosse comandante do Exército. O caso foi noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo. À época, Júlio César Arruda não comentou nem negou as informações.
Júlio César Arruda deixou o comando-geral do Exército em 21 de janeiro de 2023, após entrar em conflito com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. O oficial se negou a revogar a nomeação de Mauro Cid para comandar o 1º Batalhão de Ações e Comandos, em Goiânia, considerado unidade de elite do Exército.
Já Mário Fernandes foi preso em 19 de novembro de 2024, na Operação Tempus Veritates, deflagrada pela Polícia Federal contra a liderança da trama golpista para impedir a posse de Lula. Entre as acusações, está planejar o assassinato do presidente da República, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.