BARRA DO GARÇAS 00:00:00 Sexta-feira, 20 de Junho de 2025

CIDADES Quinta-feira, 15 de Setembro de 2022, 00:02 - A | A

15 de Setembro de 2022, 00h:02 - A | A

CIDADES / aniversário

Barra do Garças: 74 anos de história

"Neste momento em que o município completa 74 anos, é conveniente se construir alguns traços sobre essa saga que remonta ao projeto de lei do deputado Heronides Araújo, em 1948 que transformou o pequeno distrito de Araguaiana em município"

Da Redação



Voosbg

barra do garças

 

A história de Barra do Garças é a história de sua gente. Neste momento em que o município completa 74 anos, é conveniente se construir alguns traços sobre essa saga que remonta ao projeto de lei do deputado Heronides Araújo, em 1948 que transformou o pequeno distrito de Araguaiana em município.

Já que passamos a discorrer aqueles dias, é conveniente lembrar que à época, a pequena vila de garimpos, então denominada Barra Cuiabana, se resumia onde hoje se localiza a avenida Cristino Cortês, (um dos fundadores de Barra do Garças) e pequenas edificações espalhadas pela região portuária que se transformou, na última década do Século XX, no complexo turístico Porto do Baé.

Reprodução

barra do garças - fotos antigas

Imagens disponíveis em http://profisraelxeuzao.blogspot.com

É natural que o leitor imagine como era feita a travessia para a Barra Goiana (Aragarças). Este último e belo nome foi imposto pelo ministro João Alberto, à frente da Fundação Brasil Central nos idos da década de 40. Mas, voltando à travessia ela era feita em canoas ou pequenos barcos a motor de popa. A construção das pontes (sobre os rios Garças e Araguaia) e que hoje dão acesso ao transporte de grãos de parte da produção do Centro-Oeste estavam por vir, na década seguinte, no governo de Juscelino Kubistchek.

A distância da nova cidade, provinciana em seu nascedouro, era imensurável, até porque estávamos ainda a meio século das ainda calamitosas estradas de nossa região. Naqueles dias, para se ter uma ideia, o trajeto Barra - Cuiabá era feito por avião, ou pelas estradas de chão passando pelo Sul do estado. Éramos, então, um ponto perdido no interior do Brasil. O contato com outras regiões ficava por conta das ondas do rádio (Brasil Central, Anhanguera, ambas de Goiás, Voz do Oeste, (de Cuiabá) e outras do Leste do país (Globo, Tupi, Nove de Julho, entre tantas outras).

Com tudo isso, eventuais visitas do governador ou deputados à região não faziam parte de nosso calendário político. Quando isso acontecia, o retorno à capital ficava para o final da tarde, posto que a cidade não dispunha de leitos para hospedar a comitiva, aquela gente ilustre, faustosa e que ainda sobrevive ao nosso tempo, enquanto pagarmos impostos.

Até a presente data, nossa história política é feita de volteios. O primeiro prefeito de Barra do Garças, Antonio Paulo da Costa Bilego, foi eleito pelo colégio de Araguaiana, mas resolveu mudar-se para o pequeno distrito, já que a rota de abertura de estradas da Fundação Brasil Central prestigiava a então vila de garimpos. Araguaiana ficou, naquele momento (1948), à margem dessa história.

Reprodução

barra do garças - fotos antigas

Imagens disponíveis em http://profisraelxeuzao.blogspot.com

Muitos ainda se lembram que a cidadezinha vivia estacionada no porto de sua própria história. A chegada de migrantes no início dos anos 1970, motivadas pelo arrocho econômico (que persiste aos nossos dias), começou a insuflar seu crescimento, a criação de bairros e a redimensionar uma noção de futuro que coincidiu com a Fronteira Agrícola feita por sulistas à região liderada pelos colonizadores Norberto Schwantes e Orlando Roewer, entre outros.

Nossos primeiros investidores chegaram a uma cidade sem infraestrutura. O município de Barra e estendia a Canarana e região. A cidade era o citado Porto do Baé e chegava, com ruas esparsas ao bairro São Sebastião. A luz elétrica era gerada por um motor a diesel que fornecia energia até meia-noite, salvo em dias de festas. As ruas da região portuária eram calçadas de pedras. O asfalto estava ainda a anos-luz da realidade dos barra-garcenses. Os comerciantes da avenida Ministro João Alberto, no período de estio, se encarregavam de regar suas portas no final da tarde para suportar o calor e a poeira. Em nosso inverno, poças, lama e sabe-se lá, pobreza ou desprezo público.

Se bem, apesar de ressalvas, esse passado não faz mais parte da vida do barra-garcense, pelo menos daqueles que vivem na região central da cidade. Trocamos os lampiões domésticos pela iluminação de LED, as carroças de tração animal por modernos veículos, a roça toco pela a agricultura mecanizada, o manejo tosco do rebanho bovino do município passou a ser regido pela tecnologia de ponta, o atendimento médico, que muitas vezes se resumia à elite deu lugar ao mais importante polo regional de saúde do Vale do Araguaia. Os grupos escolares cederam lugar às modernas escolas e no respeitável polo de educação da região. As campanhas políticas feitas de porta em porta, no contato físico, foram trocadas pelas redes sociais. A arcaica contagem manual de votos pela urna eletrônica e, por último, a bodega onde se vendia fumo de corda, corte de cetim, rapadura, cachaça, paçoca de pilão, alfinetes, espelhos, alicates, lenços, facões, machados, botinas, entre tantos outros, cedeu lugar, ou melhor, contribuiu para a dimensão da principal economia do município, o seu polo comercial.

Feliz Aniversário, Barra do Garças!

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