Revista Gente Centro-Oeste
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Em sua fase final, o trecho da MT-100 que demanda de Alto Araguaia, passando por Araguainha, Ponte Branca Ribeirãozinho, Torixoréu, Pontal do Araguaia, Barra do Garças, chega a Araguaiana, Cocalinho, entre outras cidades, promete ser um divisor de água na logística de transportes a partir do próximo ano.
Assim que for concluída, (a previsão é para o próximo ano), mais de 250 km de asfalto estará a serviço do transporte de passageiros, turismo e do escoamento da produção do médio Araguaia.
A transformação para esta realidade começou em junho de 2013, no governo de Silval Barbosa (março de 2010 a janeiro de 2015), no programa MT Integrado, criado por ele ao custo de 1.5 bilhão de reais com abrangência de pelo menos 2.000km de extensão em asfalto com o propósito de tirar 44 municípios do isolamento, ligando-os a um eixo rodoviário.
Prova disso, no Araguaia, está a cidade de Canabrava do Norte (a 990 km de Cuiabá) que foi ligada ao asfalto à BR-158, a principal rodovia do Leste mato-grossense. Aquele projeto de Silval Barbosa, (que foi substituído pelo Mais MT do atual governo) ganhou à época adesão de prefeitos de 30 municípios incorporados ao programa.
A data para a conclusão desse trecho da MT-100 não foi anunciada pelo governador Mauro Mendes (DEM) ou pelo secretário da Sinfra, Marcelo de Oliveira. “Mas será concluído”, garante o governador.
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Matéria completa a partir da página 18 da edição 27 de Gente. Confira.
Em praticamente todos os assuntos de ordem econômica ligados à produção do agronegócio e que diz respeito ao Vale do Araguaia logo surgem referências à MT-100, cujo trecho sai de Alto Taquari e corta quase todos os municípios da faixa Leste mato-grossense numa extensão de centenas de quilômetros. O acesso a essa região, inicialmente habitada por indígenas, (que tiveram que ceder suas terras para a ‘civilização’) sempre foi difícil a contar a partir do final do século 19.
Os bandeirantes foram os primeiros a explorar o Centro-Oeste do país com seus batelões e toda a logística ficava por conta da calha dos rios que conheceriam um século depois o fenômeno assoreamento. No governo de Vargas, nos anos quarenta, quando a Fundação Brasil Central, auxiliada pela a aviação, investiu em estradas e obras estruturais na região. No período foram abertos vários trechos, muitos deles hoje conhecidos como MT-100 a exemplo da parte de 56 km que liga Barra do Garças a Araguaiana.
No mais, esse longo caminho que outrora atendia pelo substantivo rodagem sobreviveu por décadas entregue à própria sorte, ao humor político de ocasião sem um traçado que fosse definido por conta de sucessivos governos, muitos deles de costas para o Araguaia. A propósito do que se está a dizer, a linha que define essa rodovia de Alto Taquari, na região Sul, a Santa Terezinha no extremo Nordeste de Mato Grosso se estende por mais 1.3 mil quilômetros com vários trechos intermitentes a partir de Cocalinho, passando por Novo Santo Antônio, São Félix do Araguaia, Luciara e daí por diante pelos baixios do Araguaia, tomados pelas águas nas cheias de todos os anos que ocorrem invariavelmente de dezembro a março.
MÁQUINAS EM AÇÃO
A transformação substancial daquela realidade para os nossos dias ocorreu a partir de junho de 2013, quando o governador Silval Barbosa (março de 2010 a janeiro de 2015) instaurou o maior programa social já realizado até então no Estado, o MT Integrado, orçado à época em 1.5 bilhão de reais. Sua abrangência cobria cerca de 2.000 km de extensão em asfalto e que tirou do isolamento 44 municípios ligando-os a um eixo rodoviário, como foi o caso da cidade de Canabrava do Norte, (a 990 km de Cuiabá), que foi conectada por asfalto à BR-158.
O projeto capitaneado por Silval Barbosa ganhou força com a adesão de prefeitos de mais de 30 municípios no Araguaia, que foram, meses depois, ligados por asfalto ao eixo da 158 e à região Norte à BR-163. Naquele momento seu Governo bateu o recorde de canteiros de obras espalhados pelo o Estado, coisa que nenhum de seus antecessores fizera até então.
Não é preciso dizer que o asfalto no principal eixo rodoviário da região causou grande impacto nas cidades e na produção agropecuária do médio Araguaia. O asfalto de Alto Araguaia a Araguaiana, numa extensão de pouco mais de 400 km, passando por Araguainha, Ponte Branca, Ribeirãozinho, Torixoréu, Pontal do Araguaia e Barra do Garças foi um divisor de águas para a economia local.
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Nesse percurso resta somente a conclusão de um trecho de cerca de 10 km na Serra da Arnica, (em Araguainha), outros 700 metros entre Torixoréu e Pontal (córrego do Caixão) e as cabeças de ponte dos córregos Pitomba e Ouro Fino, na estrada que demanda à Araguaiana. O certo é que a partir de 2013 a região se transformou em uma nova fronteira agrícola que na visão dos empreendedores do agronegócio não mais precisava derrubar árvores (até por que elas foram dizimadas nas décadas de 60 e 70 por latifundiários que promoveram uma diáspora de pequenos agricultores para as cidades com apoio incondicional da ditadura implantada pelo Golpe de 1964).
À época do lançamento do MT Integrado Mato Grosso já produzia 24,1 milhões de toneladas de soja, ainda longe de chegar ao topo de toneladas de hoje e tornar-se o líder em produção no país. A ordem de serviço para pavimentação da MT-100 ocorreu em junho de 2013 e de uma só vez o então governador percorreu 370 km de péssimas estradas pelas cidades do Vale do Araguaia que cultivava naquela safra 1.2 milhão de hectares contra as 8.4 milhões de hoje. Desse último montante 11.3 mil toneladas de soja somente no distrito de Espigão do Leste, interior de São Félix do Araguaia.
OUTRAS OBRAS
O Governo ainda não tem a data específica para a conclusão da MT-100, “mas será concluída”, conforme as palavras de Mauro Mendes. Depois disso ele sabe de outros desafios à sua frente. Para tanto, basta dar uma olhada no mapa rodoviário do Estado para saber que depois de Cocalinho (851km de Cuiabá), rio abaixo, há muito a ser feito, mesmo considerando as obras em execução como a ponte sobre o rio das Mortes, no Porto das Balsas, na divisa daquele município com Nova Nazaré, a segunda maior em execução em Mato Grosso.
O certo mesmo é que de Cocalinho, em diante, a rodovia se perde no mapa porque em muitos trechos encontra-se em estado de implantação e, segundo o traçado por uma vasta extensão de 300 km para chegar a Novo Santo Antonio, no rio das Mortes, de onde segue por 90 km para São Félix Araguaia. Daquela cidade para se alcançar a rodovia é preciso fazer o contorno de cerca de 40 km pela BR-242 até o povoado de Chapadinha e ganhar outros 65 km a Luciara que dista de Santa Terezinha 425 km contornando até Porto Alegre do Norte pela 158 para se chegar depois de outros 187 km à Santa Terezinha.
A conclusão do asfalto sobre o que resta da extensão da MT-100, ligando Cocalinho a Santa Terezinha, demanda tempo. Enquanto isso o Governo investe em infraestrutura e, apenas para ilustrar esses cuidados à região pode-se citar a ponte que está sendo construída no Porto das Balsas, com seus 483 metros de extensão, orçada em 50 milhões de reais que será entregue aos que trafegam na MT-326 (Rodovia do Calcário) no primeiro semestre do ano que vem, segundo as previsões do secretário da Sinfra, Marcelo de Oliveira.
Mayke Toscano/Secom-MT

Em julho, sua viagem ao Araguaia demandou a visita a 13 municípios, todos eles contemplados com obras de sua gestão. Ao todo foram mais de 400km de pavimentação e 32 pontes com parte de recursos oriundos do Fethab, agora aplicado em obras estruturais. Em maio, prefeitos da região comemoraram o compromisso firmado pelo governador, o de investir em infraestrutura rodoviária na região, conforme noticiou à época sua assessoria.
A reportagem de Gente, que já percorreu muitíssimas vezes o traçado dessa rodovia, sabe que sua ‘metade’ pertence ao Norte Araguaia, crivada por pontos pelos já consagrados como intermitentes e intransponíveis na época de chuvas. Ali, um trecho foi feito pela prefeitura, outro é resultante de parcerias com produtores da área e, por aí se define a logística da região que somente agora espera pelo o asfalto prometido pelo Estado, mas que deve esperar por mais algum tempo.
Talvez, ou por tudo isso, o Governo tem insistido na dotação de máquinas pesadas aos consórcios intermunicipais, associações e prefeituras para a manutenção de estradas vicinais que cortam o interior dos municípios que se pressupõe ser a base da economia que fortalece o Estado. Não fosse esse gesto, muitos municípios estariam ainda isolados por falta de logística. O certo mesmo que a chegada desse asfalto demanda ainda certo tempo.
Essa espera, todos sabem, é por tempo indefinido. Por enquanto, contenta-se com asfalto de Cocalinho ao Alto Araguaia que já conta como sendo uma linha para o escoamento da produção, além de ter valorizado os imóveis rurais da região. Não precisa ser gênio para saber que o preço de uma propriedade isolada difere de outra ligada pelo o asfalto.
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