Emily Tinan
Redação
Na tarde desta sexta-feira (17), um buzinaço foi ecoado pelas ruas do centro de Barra do Garças em forma de protesto contra o fechamento do comércio não essencial no município. Comerciantes de vários setores percorreram as principais ruas do centro da cidade com adesivos nos carros escrito: “Barra do Garças pede socorro. Não ao lockdown”. O desfile seguiu até se reunirem ao lado da Defensoria Pública, onde demostram seu ponto de vista a defensora, Lindalva de Fátima Ramos.
O fechamento do comércio essencial está dentro das medidas restritivas previstas no decreto estadual n°522, onde municípios que apresentam taxa de contaminação em um nível muito alto devem seguir as medidas previstas. Barra do Garças por já está a nove dias apresentando risco muito alto, foi decidido pela justiça de Mato Grosso que o município deve implementar a quarentena obrigatória a partir das 00h deste sábado (18).
Dentre as várias falas, o comerciante e empresário, Lenoel Soares comenta ter ficado angustiado quando soube que fecharia seu comércio “ Desde do começo da pandemia nós (comerciantes) estamos tentando se adaptar as medidas sanitárias e mesmo com pouco faturamento o importante é que continuamos trabalhando”.
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"Todo comércio é essencial", discursa comerciante.
O comerciante ainda afirma já ter sofrido vários problemas financeiros com a baixa demanda comercial, chegando a demitir funcionários. “Eu demiti 12 funcionários. Como eu tinha acabado de entrar no negócio, não tive a oportunidade de organizar a tempo meu comércio, quando a pandemia chegou, não consegui manter meus funcionários”, comenta Lenoel.
Em relação as medidas restritivas realizadas pelo município, Lenoel diz acreditar estar sendo feito todo o possível pela prefeitura, afirmando que o avanço na taxa de contaminação é em razão as festas clandestinas “ As pessoas não pararam de se reunir, continuam fazendo resenhas e festas clandestinas. Agora deve-se penalizar quem está descumprindo as medidas municipais, tirar nosso direito de trabalhar é o que não deve acontecer” afirmou.
Logo após as queixas dos comerciantes, a defensora Lindalva de Fátima saiu de seu posto de trabalho para conversar com os manifestantes. De acordo com a defensora para que não haja a necessidade do fechamento dos comércios o município necessitaria ter pelo menos 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) específicos para o tratamento do Covid-19. Atualmente, a cidade conta com 8 leitos funcionando para o tratamento da doença.
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Defensora pública, Lindalva de Fátima Ramos.
“Essa quarentena obrigatória tem o objetivo de diminuir as aglomerações, pois se nossos cidadãos realmente tivessem respeito pela vida humana nós não precisaríamos estar fazendo essas medidas. Nos estudos maioritários, demostram que essa medida (quarentena), é o meio não-farmacológico restritivo que achata as curvas dos casos, porém não podemos confirmar que irá surgir o efeito necessário” afirma a defensora.
Ainda em sua fala a defensora disse estar organizando documentos que contrariam o número de casos que a Secretária Municipal de Saúde registra, afirmando haver muito mais de 462 casos como foi confirmado no boletim desta quinta-feira (16).
Ao semana7, Lindalva contou que vem sofrendo muitas ameaças, onde já chegaram a oferecer segurança armada, porém a defensora negou.
Ao final do manifesto, a defensora pública se comprometeu se reunir com o prefeito Roberto Farias no gabinete da prefeitura. A reunião que está acontecendo agora, também conta com a presença da promotora Nathalia Carol e dos representantes de cada setor do comércio.