Jacques Gosch
RD News
O técnico agropecuário Camilo Sávio Tavares Lopes, que era coordenador do Escritório Regional da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) em Barra do Garças (a 519,9 km de Cuiabá), que atende 15 municípios do Vale do Araguaia, está entre os 31 servidores com mais de 30 anos de carreira que foram demitidos nesta semana com direito somente a salário, saldo de férias e saldo de 13º. Em vídeo que circulou em grupos de Whatsapp de servidores da empresa, ele confessa que esteve a ponto de tirar a própria vida quando foi informado da demissão e só desistiu por conta da Proposta de Emenda Constitucional (PEC), aprovada por unanimidade na Assembleia, em primeira votação, que pode reverter a situação.
O desabafo foi gravado após seu desligamento da Empaer ser publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e Camilo Lopes descobrir que recebeu cerca de R$ 45 mil pelos 30 anos de serviço. Segundo ele, o pagamento chegou a esse valor por conta de férias vencidas.
No relato, ele afirma que visitou a sede da Empaer em Cuiabá e recebeu a confirmação que seu desligamento seria publicado em breve. Então, retornou para Barra do Garças desolado.
“Eu voltei muito triste e pensei: E se eu sofrer um acidente com esse carro da empresa? Eu ainda estou trabalhando. Pelo menos minha família vai receber o seguro, vai receber a aposentadoria. Pensei em me enfiar embaixo de uma carreta. Mas se eu fizesse isso, a outra pessoa que estava na carreta também era um pai de família e não tinha nada a ver com meu problema. Eu não podia fazer isso, sou cristão, acredito muito em Deus e às vezes a gente falha nesses pensamentos. Então, veio a imagem da minha filha. E isso me deu força. Eu não vou desistir”, relatou.
Depois, Camilo Lopes garante que tirou as ideais suicidas da cabeça e que não vai “fazer besteira”. Também agradece a Assembleia pela aprovação da PEC e diz que os deputados estaduais mostraram que pensam nos servidores da Empaer e nas suas famílias sem se submeter a “caprichos do Governo do Estado”.
“Todos vocês, deputados. Através daquela votação que vocês fizeram em massa, vocês ajudaram a salvar uma vida. Eu estava disposto a fazer uma besteira mesmo. A esperança que eu tenho ainda, que eu sei que vai acontecer, é através de vocês, que eu sei que estão brigando por nós. Isso me deu força. Não estou fazendo demagogia. Vocês me fizeram enxergar melhor. Aí [na ALMT] tem pessoas boas, que tem coração e que não agem friamente”, completou.
Entre os 31 servidores estão engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, auxiliares de escritório, médicos veterinários, pelo menos uma bacharela em Comunicação Social, entre outros profissionais. Outros 30 Devem ser desligados da Empaer nos próximos dias.
O Governo do Estado alega que demissões atendem decisões judiciais da Justiça comum e do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MT) pelas contratações em desacordo com a Constituição Federal de 1988. Já os servidores sustentam que fizeram um processo seletivo similar ao concurso público, por tempo indeterminado. É nessa tese que a chamada PEC da Empaer se baseia para tentar reverter as demissões.