Luciane Mildenberger/Assessoria
Mais de 70% dos trabalhadores do setor de saúde são mulheres e fazem a diferença na linha de frente do combate à Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre eles estão os agentes comunitários de saúde e de combate a endemias (ACS e ACE), responsáveis pela atenção básica, aquele primeiro atendimento feito nas residências dos moradores nos municípios.
“As mulheres representam 70% dos trabalhadores da saúde no mundo e muitas vezes têm tripla carga de trabalho, pois têm função na família e isso é especialmente complicado nessa época de pandemia, por estarem na linha de frente, assumem um maior risco de contaminação”, frisou a médica brasileira Mariângela Simão, diretora-geral-assistente da OMS, em discurso parabenizando as mulheres no mês dedicado a elas.
Essa tripla jornada é vivida pela aluna do curso de formação profissional Técnico em Agente Comunitário de Saúde (TACS), Ilda Rodrigues da Silva Franke, 52, de Tangará da Serra. Ela concilia duas profissionais, a de agente de combate a endemias (ACE) e advogada, além dos afazeres domésticos da família, já que é casada e mãe de dois filhos.
A carga de trabalho elevada, porém, não desanima Ilda, pelo contrário, a incentiva, tanto que ingressou no curso de qualificação TACS, adicionando mais uma atividade no seu dia a dia. “O curso TACS é uma inovação para todos nós. Todo conhecimento adquirido nos engrandece como ser humano, como mulher independente e aguerrida. Ninguém poderá nos tirar o aprendizado”, conta Ilda, atuante há 10 anos em Tangará.
Sobre estar na linha de frente durante o período de pandemia da Covid-19, a profissional relata que a principal função social do agente é servir de exemplo para a comunidade. “Nosso trabalho é de corpo a corpo, contato direto com os moradores e com o meio em que eles vivem. Nessa situação nos deparamos com pessoas sofridas, que já perderam familiares, amigos, conhecidos pela Covid-19, isso é muito triste”, observou.
Segundo Ilda, a responsabilidade é muito grande. “Em primeiro lugar temos que dar o exemplo, com distanciamento, uso de máscara e álcool em gel, realizando a conscientização da limpeza dos quintais, porque também existe o perigo de outras doenças, como a dengue”, completa.
Outra agente de combate a endemias, Alice Quintanilha dos Anjos, relata que ser mulher e trabalhar na área da saúde é demonstrar força, responsabilidade e vencer críticas e obstáculos. “Vivemos em uma sociedade machista, mas devemos demonstrar que somos capazes de realizar a nossa profissão com muita responsabilidade. Precisamos impor diariamente a nossa autoridade e autoconfiança, não só no meio profissional, mas no pessoal, social e familiar”, declarou.
Atuante há 17 anos na área da saúde em Tangará da Serra, Alice observa que a pandemia trouxe mais responsabilidades aos agentes. “Dou tudo de mim para ajudar a população. Todo o agente tem a função de orientar as pessoas sobre as doenças existentes, seja ela endêmica, epidêmica ou não”.
Casada, mãe de duas filhas, Alice também é estudante do curso TACS. Concilia trabalho, estudo, família e reitera a importância do conhecimento na função de agente. “O curso ajuda a aprimorar as minhas habilidades e capacidade de resolução de problemas, superar minhas próprias limitações, além de proporcionar o desenvolvimento e crescimento profissional e pessoal”, finaliza.
Sobre o curso TACS
Idealizado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), por meio da Escola do Legislativo e apoio do governo estadual, o curso é voltado exclusivamente para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate a Endemias (ACE) que possuem ensino médio completo e atuam no estado, mediante comprovação.
O projeto é executado pelo Instituto Brasil Adentro (IBA) e conta com o apoio das prefeituras dos municípios polos (Alta Floresta, Barra do Garças, Cáceres, Campo Verde, Confresa, Cuiabá, Rondonópolis, Sorriso, Tangará da Serra e Várzea Grande), Secretarias de Saúde e Sindicatos das categorias contempladas com a qualificação.
O deputado estadual Max Russi, presidente da ALMT, preside a Câmara Setorial Temática dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate a Endemias na Casa de Leis e é um dos responsáveis pelo curso.
Ao final da qualificação, prevista para novembro de 2021, o participante terá uma cerimônia de formatura e diploma do curso técnico reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).