Kayc Alves
Da redação
O Diretório municipal do PDT encaminhou, nesta sexta-feira (18), ao Conselho de Ética do partido, o pedido de expulsão do vereador Dulcino Figueiredo dos Santos, o Duda, do quadro de filiados. Segundo nota emitida pela legenda, o pedido justifica-se por supostas condutas do parlamentar, em ofender, na Câmara de Vereadores, autoridades políticas, correligionários e até o poder judiciário.
Duda alega ter pedido sua saída da sigla há um ano e afirma que o partido, em Aragarças foi “entregue” ao prefeito José Elias. Segundo ele, a nota emitida pelo PDT busca denegrir sua imagem.
O fato ocorre após a crise política em Aragarças se intensificar, com a interdição de cinco unidades do Programa Saúde da Família (PSF), pela Vigilância Sanitária. As ações de fiscalização do órgão acontecem a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), que recebeu ofício assinado pelo vereador Duda, pedindo providências quanto à situação das unidades de saúde.
De acordo com a nota do PDT, o parlamentar “penitenciou a população aragarcense” ao realizar a denúncia, que resultou na interdição das unidades de saúde. A nota foi disseminada em forma de vídeo nas redes sociais e em aplicativo de mensagens.
O pedido de expulsão recebeu sete assinaturas dos 12 membros da diretoria em Aragarças. Segundo o presidente do PDT em Aragarças, Fabrício Burjack, o vereador já vinha “perdendo o prestígio” do partido, no município e no Diretório estadual.
“Desde quando assumi o diretório em Aragarças, foram várias as reclamações de outros membros e filiados do partido a respeito da conduta moral do senhor Dulcino. Palavras de baixo calão, palavras de ofensa ao prefeito do município, ao juiz da comarca, a alguns desembargadores do estado, ao próprio diretório estadual, ao presidente do diretório e a minha pessoa. Algumas vezes ele usou isso em sessão da Câmara.”
Burjack revela que ao ofender o correligionário José Elias, prefeito do município, Duda feriu o código de ética do PDT. O prefeito filiou-se ao partido em junho de 2018, logo após o novo presidente assumir o diretório de Aragarças.
Para aprovar o pedido de expulsão, o diretório considerou o fato da interdição dos PSFs, causado pelo ato do vereador em acionar o Ministério Público, e o código de ética do partido. De acordo com Burjack, o presidente do Diretório estadual, Jorge Moraes, também foi favorável para que se iniciasse o processo.
“Não estamos negando o direito dele [Duda] de fiscalizar como vereador, mas estamos levando em conta a questão partidária, pois tanto o prefeito quanto a secretária de Saúde [Dana Vilela Barbosa] fazem parte do partido. Então ele, poderia ter procurado medidas amigáveis, cabíveis também, para se resolver o problema, e não o meio mais extremo. Ele prejudicou mais de 5 mil pessoas da população de Aragarças e isso é inaceitável pelo partido.”
Duda terá o direito de se defender no processo, caso queira. Se consolidada a expulsão, o vereador será o primeiro filiado a ser retirado do PDT, no estado de Goiás. Segundo Burjack, caso isso ocorra, o partido pode pedir o mandato do parlamentar na Câmara de Aragarças, destituindo-o do cargo.
Semana7

Prefeitura fixou comunicados em postos de saúde fechados, apontando o vereador Duda como responsável pela interdição
O vereador Duda diz estar tranquilo quanto a possível saída do partido. Ele afirma que há um ano pediu sua desfiliação do PDT, ao diretório estadual, que nunca respondeu à solicitação.
Para Duda, o PDT foi “entregue” ao prefeito José Elias, quando o Diretório estadual decidiu definir Fabricio Burjack como presidente do partido no município. Antes a sigla compunha uma comissão local, presidida pelo vereador.
“Estou no partido porque o partido ainda não me desfiliou. Tão logo a deputada Flavia Moraes, através de seu esposo Jorge Moraes [presidente estadual], passou o partido para o atual prefeito, através do Fabricio Burjack, eu fiz uma carta manuscrita agradecendo e pedindo ao Dr. Jorge que me desfiliasse. Se eu saísse por conta própria poderia sofrer um processo de cassação do meu mandato.”
Quanto à possibilidade de perda do mandato, Duda afirma que o diretório terá que provar condutas irregulares que justifiquem a medida. Ele volta a reiterar que apenas prestou o seu papel de fiscalizador, quando pediu providências ao MPE, na Saúde do município.
“Não fiz para prejudicar o povo de Aragarças. Muito pelo contrário, estou cobrando melhorias nos postos de saúde. Estou pedindo as melhorias na estrutura física, onde foram detectados os problemas pelo Ministério Público, através da Vigilância Sanitária.”
Na iminência de perder o partido, o parlamentar diz já saber o caminho que irá tomar para o próximo ano eleitoral e fala em siglas como o PSL, o PRB, o MDB entre outros, os quais já teria iniciado conversas e recebido convites. O cargo que pretende disputar ainda é estudado.