Poder 360
O Instituto Butantan desenvolveu uma vacina contra a covid-19, a ButanVac. Essa é a 1ª vacina brasileira contra a doença causada pelo coronavírus. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, anunciaram a produção nesta sexta- feira (26).
A ButanVac foi produzida inteiramente por cientistas do instituto. As etapas em laboratório já foram concluídas e agora será pedida à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a autorização para testes em humanos. O pedido deve ser feito ainda nesta sexta-feira para o início dos testes das fases 1 e 2.
“Os resultados dos testes pré-clínicos se mostraram extremamente promissores, o que nos permite evoluir para os testes em voluntários já agora, no próximo mês de abril, desde que a Anvisa autorize”, disse Doria. “Essa é uma dose de esperança para o Brasil“, afirmou.
A vacina também será protocolada ainda na tarde desta sexta-feira na OMS (Organização Mundial da Saúde). Assim, a organização poderá acompanhar a produção, de acordo com as normas internacionais.
Não foram especificados o que seriam os “resultados excelentes” mencionados por Doria e Covas na entrevista concedida nesta sexta-feira. O instituto afirmou que realizou os primeiros testes em animais com a ajuda de laboratórios indianos. Mas, por ainda não ter sido testada em humanos, o número de doses necessárias para a imunização é desconhecido.
A ButanVac começou a ser pesquisada em março de 2020. O Ministério da Saúde não patrocinou os estudos, que foram realizados com recursos do próprio Butantan e do governo do Estado de São Paulo. Mas o Estado não vai comprar lotes de forma individual. A vacina será oferecida ao governo federal antes de serem celebrados contratos individuais de compra e de exportação para outros países.
Covas disse que pretende “dialogar intensamente” com a Anvisa para que os testes sejam iniciados em abril. Ele disse esperar que a agência veja a necessidade de rapidez para a aprovação dos testes clínicos em humanos.
A expectativa é encerrar todos os testes e ter 40 milhões de doses da ButanVac até o final de 2021. Covas afirmou que o estudo pode ser encurtado com base nas experiências do Butantan com a CoronaVac, vacina desenvolvida em parceria com a chinesa Sinovac e que já está em uso no Brasil.
A tecnologia utilizada é similar à das vacinas da gripe e da febre amarela. É produzida em ovos. Até o momento, nenhum imunizante contra a covid é produzido a partir de ovos. “Essa é uma das formas mais seguras de se produzir uma vacina. Milhões de pessoas tomam a vacina contra a gripe todos os anos e a nossa tem a mesma tecnologia“, disse Covas.
Além disso, todos os insumos para a produção já existem no Brasil. O Butantan é o maior produtor do hemisfério Sul da vacina da gripe, que usa a mesma tecnologia da ButanVac. Por causa disso, o instituto tem a capacidade de produzir até 100 milhões de doses da vacina por ano.
Covas afirmou também que o Instituto Butantan fez um compromisso com países pobres para vender a ButanVac. No consórcio, o Vietnam e a Tailândia também vão produzir a vacina e realizar testes clínicos. “O mundo rico combate porque tem recursos. Ele vai ficar relativamente livre do vírus. Mas os países pobres podem continuar na pandemia e temos que combater os vírus exatamente nesses países“, disse o diretor do instituto.
O Butantan estuda ainda o desenvolvimento de outras duas vacinas contra a covid. Além disso, os estudos com o soro anticovid, autorizados na quinta- feira (25) pela Anvisa, também continuam no instituto.