Alexandre Magno Abrão, o Chorão, foi porta-voz de uma geração. Mas nem sempre sua vida foi feita de bons momentos. O garoto que era amante do skate tinha roteiro fadado ao "fracasso". Filho de família pobre de Santos e de pais separados, ele abandonou os estudos de forma precoce, sofreu com o aperto financeiro e quase perdeu a mãe de derrame quando tinha 14 anos.
Pois ele conseguiu transformar rebeldia juvenil em sucesso comercial absoluto com o Charlie Brown Jr. Porém, infelizmente, sua história encontrou fatídico fim no dia 6 de março de 2013. Chorão foi achado morto em sua casa, em São Paulo, após passar mal por uso excessivo de drogas. O Brasil perdia ali um ídolo à moda antiga.
“Chorão deixou para mim a imagem da verdade. Ele era autêntico em tudo que falava, pensava e fazia. Por isso, o Charlie Brown tem esse valor artístico imensurável”, diz o guitarrista Marcão, que acompanhou o astro na banda e hoje segue com Pinguim e Lena no trio Bula.
O sucesso veio instantaneamente com "Transpiração Contínua Prolongada”, disco de estreia do Charlie Brown Jr, um embrião no grupo What’s Up, que já tinha o baixista Champignon como fiel escudeiro. O vocal carismático, a cozinha azeitada de Pelado (bateria) e Champs, e as guitarras inspiradas de Marcão e Thiago Castanho levaram a mistura de rock, rap, hardcore e reggae ao primeiro escalão do rock nacional.
“Vi tudo acontecer bem de perto e tem um valor especial para mim. Passaram mais de duas décadas desde meu primeiro encontro com o Chorão e foi tudo tão intenso que parece que o tempo não passou”, fala Marcão, emocionado pelos três anos da perda do companheiro de sucessos como “Papo Reto” e “Lugar ao Sol”.
Chorão e seu Charlei Brown Jr. deram credibilidade a uma série de bandas que se inspiraram em seu ‘som de atitude’ e deram ao rock mais espaço na mídia. “As bandas que vieram a seguir se sentiram corajosas com o nosso sucesso. Foi interessante ver o rock, que sempre caminhava na marginal, ficar na história”, relembra o guitarrista.
