Jacques Gosch
RD News
O cervejeiro Guilherme Jorge Giorgi, sócio da cervejaria Kessbier, de Nova Mutum, se envolveu na troca de mensagens racistas no grupo de Whatsapp denominado, “Cervejeiros Iluminatti”, com cerca de 200 membros, com objetivo de ofender concorrentes negros do setor. As mensagens que também ofendem mulheres e feministas foram reveladas em reportagem da Folha de S. Paulo.
“O Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] autoriza uma cervejaria negra? Não tem que ser branca, facilmente lavável, inox, etc?”, escreveu Guilherme Jorge Giorgi, comentando sobre o financiamento coletivo da cervejaria gaúcha Implicantes, fundada e gerenciada por negros.
Após a divulgação pela Folha de S. Paulo, Giorgi se desculpou e tentou justificar o ocorrido. Reconheceu que a expressão foi “imatura” em um momento “muito infeliz”, mas negou que tenha sido racista.
Além disso, reconheceu que a frase foi “muito infeliz”. Admitiu ainda que “poderia ter tido mais sensibilidade ao comentar o assunto”.
“Me sinto na obrigação de me desculpar caso alguém tenho se sentido ofendido, muito embora eu tenho feito a minha fala em grupo fechado de discussão”, falou.
Ocorre que Giorgio não é o primeiro cervejeiro mato-grossense a se envolver em polêmicas relacionadas a racismo. Em 13 de agosto, o sommelier de cervejas Matheus Albuquerque, que se descreve nas redes sociais como conservador e faz postagem em apoio ao presidente da República Jair Bolsonaro e seus filhos, causou polêmica ao fazer uma postagem de cunho racista. A publicação mostra um dinossauro perguntando “quantos negros são necessários para iniciar um protesto?” e respondendo “-1”.
A piada racista ironiza assassinatos, como do norte-americano George Floyd, morto sob o joelho de um policial branco, que desencadeou uma onda de protestos nos Estados Unidos e no mundo. O lema das manifestações é Black Lives Matter ou em Português, Vidas Negras Importam.
Por conta da publicação, o cervejeiro foi alvo de nota de repúdio e representação no Ministério Público Estadual (MPE) pelo Conselho Estadual da Promoção de Igualdade Racial de Mato Grosso (Cepir-MT).
Em razão da matéria jornalística, Matheus Albuquerque encaminhou notificação extrajudicial ao RD News pedindo a retirada da reportagem de todas as plataformas por entender que contém "informações falsas e deturpadas que denigrem a sua imagem e que buscam deliberadamente prejudicar o notificante por razões de afiliação político-ideológicas do site de notícias.
No entanto, o corpo jurídico do portal entendeu que a matéria traz em si o papel de informar. Trata-se de um tema sensível e polêmico, mas o site avalia que jornalisticamente está cumprindo seu papel. Por essa razão, manteve-se a matéria no ar.