Marcelo Borges
Semana7
Pesquisadores do Campus Araguaia da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT estão realizando com a comunidade local um projeto de extensão que visa ensinar moradores de toda a região de Barra do Garças a como produzir de maneira artesanal iogurte com frutos do cerrado, como murici, gabiroba, pitanga, mangaba e buriti.
O projeto é ligado aos cursos de Engenharia de Alimentos, Farmácia e Biomedicina da instituição e tem como título “Aplicação das boas práticas de fabricação na elaboração de iogurte artesanal com o uso de frutos do cerrado’’. A atividade conta com financiamento da Pró-reitoria de Pesquisa da UFMT - PROPEQ e os recursos já destinados devem garantir que as ações sejam realizadas até agosto deste ano de 2025.
A ação desenvolvida por quatro professores, dez estudantes e uma técnica de três laboratório da UFMT, Laboratório de análise bromatológica, Laboratório de Microbiologia de alimentos, Laboratório de Análise de produtos de origem animal. O objetivo é também ensinar previamente aos moradores a forma correta de higienização da bancada, da superfície, utensílios e higiene pessoal antes da fabricação do produto.
O primeiro treinamento para a comunidade já foi realizado com moradores do Assentamento Serra Verde, em Barra do Garças, em agosto de 2024. A previsão da coordenadora do projeto, professora Neila Mello Barbosa, é que em 2025 as ações seguem em outras comunidades e assentamentos rurais.
Ela explica que o principal objetivo é levar até as pessoas informações que muitas das vezes ficam só na universidade. “Queremos ensinar ao homem do campo, o consumidor, a dona de casa, como produzir um alimento que tem benefícios nutricionais, que auxilia a microbiose do ser humano, porque existem diversos componentes nos frutos do cerrado que fazem bem para a saúde do ser humano”, disse a pesquisadora.
Para o estudante de Biomedicina Gabriel Barbosa, ir a campo levar os ensinamentos da universidade é gratificante. “Foi uma experiência única e divertida, juntos com os meus colegas dos laboratórios, ensinando desde o início da higienização das mãos, dos utensílios, até o preparo do iogurte com os frutos do cerrado para as famílias do Assentamento Serra Verde. Foi uma troca de aprendizagem, ver todos atentos em cada passo foi realmente gratificante”, afirmou o rapaz.
Neila explica que por ser utilizado derivados de animais, como o leite, o Ministério da Agricultura e Pecuária - Mapa precisa dar uma autorização para comercialização do produto fabricado. “Não é tão simples, mas também não é difícil. Para ser comercializado a gente tem que verificar na região quem é o órgão fiscalizador desses produtos. No caso de acompanhamento da produção, seria o Serviço de Inspeção Municipal”, ressalta.
A professora ainda reforça que existem outros órgãos que devem ser consultados. “Depois teria que ser visto toda a parte burocrática de comercialização desse produto junto a Vigilância Sanitária. São esses os dois órgãos que teriam que dar respaldo para essa pessoa do campo, um pequeno comércio, uma mercearia que queira fazer uma pequena escala de produtos para gerar a venda”, afirmou.
Neila também explicou que existe um outro caminho que pode ser pensado por quem deseja produzir. “Se eu não me engano, em 2020 surgiu o selo ART, que é para realmente valorizar a produção de alimentos e produtos artesanais, seja ele de origem láctea ou carne. [...] Esse selo pra mim seria uma alternativa , caso alguma empresa, mercearia, um assentamento ou uma associação queira futuramente comercializar esse produto, o iogurte artesanal”, disse.
Produtores rurais, donas de casa e comerciantes de Barra do Garças e região que queiram participar das formações que serão organizadas pelo projeto de extensão da UFMT Araguaia agora em 2025, podem procurar a equipe organizadora através dos portais de comunicação da universidade.