Globo Rural
Na capital nacional do gergelim, as abelhas vão ajudar a aumentar a produtividade e gerar renda a agricultores assentados. A iniciativa faz parte do projeto Semêa, que também prevê o reflorestamento de 27,5 hectares com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
As 29 famílias de Canarana receberam formação em apicultura e recursos para comprar o equipamento para produzir mel. A instituição doou 160 caixas de abelhas e equipamentos de proteção individual (EPI).
O agricultor familiar Aparecido Pereira, o Cidão, comprou um lote de 12 hectares no assentamento Suya há 12 anos. Boa parte dos oito hectares produtivos estão arrendados para um pecuarista da região, mas existem também árvores frutíferas que geram renda pontualmente ao longo do ano.
Em março, ele e outros produtores do Suya receberam as caixas de abelhas do Semêa. Além disso, ele planeja reflorestar uma área de sete hectares com pequi, mantendo uma densidade de árvores que permita a integração com o gado.
“A ideia é ampliar ao máximo a área verde com geração de renda”, diz a diretora-executiva da Fundação Bunge, Claudia Calais. Serão plantadas 300 mudas na propriedade de Cidão, que podem render anualmente cerca de nove toneladas da fruta a partir do quinto ano de implementação.
A fundação também conseguiu com a Prefeitura de Canarana um ônibus que será transformado em uma estação comunitária para coleta de mel móvel. “Os produtores vão agendar a extração e o ônibus ficará o tempo que for necessário”, afirma Leandro Morilha, gerente de projetos sociais da fundação.
Para que essa produção não seja desperdiçada, a fundação articulou com a prefeitura um espaço para o assentamento na feira que ocorre no centro do município. “Estamos profissionalizando esses produtores e colocando um selo para que eles possam comercializar seus produtos”, diz Calais. Segundo ela, o projeto vai se tornar uma política pública autônoma.
O benefício das abelhas também se estenderá às propriedades maiores, como a do produtor Sergio Pasqualotti, da fazenda Seriema, em Canarana. Por incentivo do Semêa, ele instalou seis caixas próximas às áreas em que serão plantadas as lavouras de grãos daqui a alguns meses — o ideal é uma ou duas colmeias por hectare a ser polinizado já que as abelhas não voam grandes distâncias.
A Seriema tem, ao todo, 520 hectares em produção, além de uma área ocupada com 1,1 mil cabeças de gado. O experimento ocorre em uma área limitada, onde será posta à prova a perspectiva de aumento de produção.
Doutor em zootecnia e especialista em abelhas, Heber Pereira explica que estudos indicam aumentos de até 30% em lavouras de grãos com polinização assistida.
Pereira diz que o ponto de atenção ao inserir colmeias perto das lavouras é o uso de agrotóxicos. “Quem faz um bom controle de pulverização e respeita os horários de vento, não precisa mudar nada”, afirma.
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