João Pedro Vieira e Maria Fernanda Candido
Da Assessoria
Criado em 2016 e oficializado em 2020, o Centro de Pesquisa Multiusuário do Araguaia (CPMUA) surgiu na Universidade Federal de Mato Grosso no Campus Universitário do Araguaia em Barra do Garças, a 516 quilômetros de Cuiabá, visando ser um centro de tecnologia multidisciplinar. O centro de pesquisa faz experimentos nas áreas de agronomia, farmácia, biomedicina, engenharia, ciências de materiais e ambientais, atendendo empresas, pesquisas acadêmicas e outras universidades.
O Centro Multiusuário do Araguaia tem um parque tecnológico avaliado em mais de doze milhões de reais, sendo um pilar no desenvolvimento de pesquisas e no atendimento de demandas científicas da região. Segundo a coordenadora do CPMUA, professora pós-doutora Madileine Américo, o modelo de prestação de serviços com equipamentos de ponta e caráter multidisciplinar é o único do estado, o que faz do centro um espaço inovador em pesquisas. O CPMUA foi criado com financiamentos da Universidade Federal de Mato Grosso, da Fapemat (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso) e também do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação por meio do Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
Além dos investimentos públicos, o centro conta ainda com um modelo de prestação de serviços a instituições privadas da região, que ajudam na manutenção e aquisição de novos equipamentos. Uma das maiores fabricantes de cervejas do mundo, a Ambev é uma das empresas que já utilizaram os equipamentos do Centro de Pesquisas do Araguaia. Outra instituição que utiliza as instalações do CPMUA é a Ihara que é conhecida no ramo da agricultura por apresentar soluções inovadoras na proteção de cultivos.
O centro ainda fornece apoio a pesquisas acadêmicas de graduação e pós-graduação, principalmente mestrado, doutorado e pós-doutorado, atendendo diferentes áreas. Uma das pesquisas realizadas no CPMUA rendeu ao laboratório o investimento de mais de um milhão de reais do Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científica e Tecnológico (FNDCT), e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para a produção de um curativo à base de látex com ativos da Amazônia Legal para tratamento de feridas de difícil cicatrização em pessoas com diabetes ou que sofreram graves queimaduras.
De acordo com a pesquisa coordenada pela professora, Madileine Américo, no Brasil a diabetes afeta cerca de 9,4% da população adulta, que baseado no censo de 2023 significaria aproximadamente 19,08 milhões de pessoas. A pesquisadora explica que uma das dificuldades encontradas por portadores de diabetes é a difícil cicatrização de feridas que são causadas por problemas no metabolismo, por esse motivo, a ideia de um curativo que possua propriedades capazes de acelerar o processo de cicatrização, seria um alívio para pacientes diabéticos.
A pesquisa, desenvolvida desde 2013, agora está em fase de experimentação em animais vivos, que segundo os pesquisadores, está sendo bem sucedida. Os primeiros testes de 2025 foram para avaliar a qualidade dos protótipos do curativo, na sequência foram realizados os primeiros testes em animais queimados que não possuíam diabetes. Os resultados dessa etapa estão sendo analisados. “O próximo passo é testar a melhor formulação, nos indivíduos queimados com diabetes”, afirmou a pesquisadora do projeto, especialista em Imunologia e ciências materiais doutora Paula Souto.
PROJETO DE AMPLIAÇÃO
Visando dar um novo passo, o Comitê Gestor do Centro Multiusuário do Araguaia, está buscando, junto a editais do governo, recursos para aumentar a área do CPMUA de 495m², para 1.321m². Segundo a coordenadora, com o aumento da área dos oito laboratórios será possível a separação física das áreas de pesquisa do centro, para que cada uma possa ser ainda mais eficiente nos trabalhos desenvolvidos. “Atualmente temos a área de agronomia que desenvolve cerca de cinquenta amostras por semana, com a ampliação seria possível analisar cinquenta amostras por dia”, disse Américo
A coordenadora do projeto ressalta a importância da ampliação do espaço para a segurança das pesquisas, pois será possível separar, por exemplo, a área específica do ambiente para a criação dos animais experimentais, seguindo as normas dos comitês de ética e saúde animal.