Welington Sabino
FolhaMax
Diante do julgamento já iniciado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), com voto do relator a favor de sua cassação, o deputado federal Neri Geller (PP) garante que está tranquilo e nega a prática dos delitos eleitorais imputados a ele pela Procuradoria Regional Eleitoral, de abuso de poder econômico por causa de doações ilegais a outros candidatos nas eleições de 2018. Ao votar pela perda do mandato, o desembargador Sebastião Barbosa Farias, ainda imputou ao parlamentar a prática de caixa 2 por supostamente ter recebido doações de empresas usando as contas do filho.
O julgamento foi suspenso por causa de um pedido de vista, mas será retomado na próxima semana para outros seis magistrados proferirem seus votos. Apesar de nada estar definido, Geller critica o posicionamento do relator.
O parlamentar espera que os demais integrantes da Corte Eleitoral não acolham seu voto. "Não tenho nenhuma dúvida que na hora que ir pro Pleno vamos conseguir reverter o voto do relator, que eu respeito, mas acho que não foi justo e estamos tranquilo. Meu advogado está fazendo a defesa", disse o deputado.
O Ministério Público Eleitoral acusa Geller de abuso de poder nas eleições de 2018 ao “derramar” dinheiro para "comprar" apoio até de partidos adversários com vultuosas doações para 11 candidatos a deputado estadual. A denúncia aponta que ele extrapolou em R$ 854,6 mil o limite de gastos na campanha delimitado pela Legislação eleitoral que era de R$ 2,5 milhões.
De acordo com técnicos da Corte Eleitoral, na condição de candidato, Neri Geller teria “maquiado” doações feitas com recursos próprios, usando seu CPF, a seis candidatos, totalizando R$ 942 mil e não declarado à Justiça Eleitoral. Ele nega essa prática. "Eu falo sobre o assunto porque tenho tranquilidade de falar que eu fiz as coisas aberto, não soneguei uma informação. Eu poderia ter feito doações por outros, emprestado o dinheiro, mas fiz por minha conta porque eu tinha limite, estava autorizado pela lei. E por isso estou com mita tranquilidade e falo sem medo de errar , estou com a consciência tranquila e se Deus quiser vamos reverter no plenário", sustentou o deputado em entrevista ao programa Resumo do Dia.
Geller argumenta que o mesmo assunto da Aije, as doações que ele fez usando sua conta de campanha na condição de candidato e também como pessoa física, através do CPF, já foi pauta da aprovação de suas contas relativas ao pleito de 2018. Lembra que a Procuradoria recorreu da decisão do TRE-MT que aprovou as contas e interpôs recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instância onde ele também levou a melhor. "Nós ganhamos no TSE também e estamos consolidados do ponto de vista de aprovação das contas", argumenta.
Vale ressaltar, que ao decidir pela cassação de Geller, o relator da Aije concentrou seu voto em valores de doações que o candidato teria recebido de empresas, prática vedada pela Justiça Eleitoral. Conforme o desembargador Sebastião Barbosa, o filho do deputado, Marcelo Piccini Geller, teve suas contas utilizadas para "camuflar" e movimentar ilegalmente R$ 7,2 milhões que beneficiaram o pai durante período eleitoral de 2018. Ele sustentou que os recursos supostamente ilegais recebidos por Geller configuram a prática de caixa 2 na campanha.
Sobre isso, o advogado Flávio Caldeira Barra sustenta que não constam do pedido inicial formulado pelo MPE. Sustenta que o objeto da ação era a doação enquanto pessoa física a outros candidatos, o que foi validado a favor do parlamentar pelo próprio relator.