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JUSTIÇA Segunda-feira, 17 de Agosto de 2020, 07:07 - A | A

17 de Agosto de 2020, 07h:07 - A | A

JUSTIÇA / LARANJAL DE DOAÇÕES

Deputado nega ter "maquiado" doações e garante que será absolvido no TRE

Relator votou para cassar Neri Geller, mas pedido de vistas adiou conclusão

Welington Sabino
FolhaMax



Diante do julgamento já iniciado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), com voto do relator a favor de sua cassação, o deputado federal Neri Geller (PP) garante que está tranquilo e nega a prática dos delitos eleitorais imputados a ele pela Procuradoria Regional Eleitoral, de abuso de poder econômico por causa de doações ilegais a outros candidatos nas eleições de 2018. Ao votar pela perda do mandato, o desembargador Sebastião Barbosa Farias, ainda imputou ao parlamentar a prática de caixa 2 por supostamente ter recebido doações de empresas usando as contas do filho.

O julgamento foi suspenso por causa de um pedido de vista, mas será retomado na próxima semana para outros seis magistrados proferirem seus votos. Apesar de nada estar definido, Geller critica o posicionamento do relator.

O parlamentar espera que os demais integrantes da Corte Eleitoral não acolham seu voto. "Não tenho nenhuma dúvida que na hora que ir pro Pleno vamos conseguir reverter o voto do relator, que eu respeito, mas acho que não foi justo e estamos tranquilo. Meu advogado está fazendo a defesa", disse o deputado. 

O Ministério Público Eleitoral acusa Geller de abuso de poder nas eleições de 2018 ao “derramar” dinheiro para "comprar" apoio até de partidos adversários com vultuosas doações para 11 candidatos a deputado estadual. A denúncia aponta que ele extrapolou em R$ 854,6 mil o limite de gastos na campanha delimitado pela Legislação eleitoral que era de R$ 2,5 milhões. 

De acordo com técnicos da Corte Eleitoral, na condição de candidato, Neri Geller teria “maquiado” doações feitas com recursos próprios, usando seu CPF,  a seis candidatos, totalizando R$ 942 mil e não declarado à Justiça Eleitoral. Ele nega essa prática. "Eu falo sobre o assunto porque tenho tranquilidade de falar que eu fiz as coisas aberto, não soneguei uma informação. Eu poderia ter feito doações por outros, emprestado o dinheiro, mas fiz por minha conta porque eu tinha limite, estava autorizado pela lei. E por isso estou com mita tranquilidade e falo sem medo de errar , estou com a consciência tranquila e se Deus quiser vamos reverter no plenário", sustentou o deputado em entrevista ao programa Resumo do Dia. 

Geller argumenta que o mesmo assunto da Aije, as doações que ele fez usando sua conta de campanha na condição de candidato e também como pessoa física, através do CPF, já foi pauta da aprovação de suas contas relativas ao pleito de 2018. Lembra que a Procuradoria recorreu da decisão do TRE-MT que aprovou as contas e interpôs recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instância onde ele também levou a melhor. "Nós ganhamos no TSE também e estamos consolidados do ponto de vista de aprovação das contas", argumenta. 

Vale ressaltar, que ao decidir pela cassação de Geller, o relator da Aije concentrou seu voto em valores de doações que o candidato teria recebido de empresas, prática vedada pela Justiça Eleitoral. Conforme o desembargador Sebastião Barbosa, o filho do deputado, Marcelo Piccini Geller, teve suas contas utilizadas para "camuflar" e movimentar ilegalmente R$ 7,2 milhões que beneficiaram o pai durante  período eleitoral de 2018. Ele sustentou que os recursos supostamente ilegais recebidos por Geller configuram a prática de caixa 2 na campanha.

Sobre isso, o advogado Flávio Caldeira Barra sustenta que não constam do pedido inicial formulado pelo MPE. Sustenta que o objeto da ação era a doação enquanto pessoa física a outros candidatos, o que foi validado a favor do parlamentar pelo próprio relator.

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