BARRA DO GARÇAS 00:00:00 Sexta-feira, 08 de Novembro de 2024

JUSTIÇA Sexta-feira, 23 de Agosto de 2019, 07:51 - A | A

23 de Agosto de 2019, 07h:51 - A | A

JUSTIÇA / Operação da PF

Empreiteiras pagavam até cartão de crédito de ex-prefeito preso

Gaspar Lazari foi preso por atrapalhar o andamento das investigações, na manhã desta quinta-feira

Camila Ribeiro e Cintia Borges
Mídia News



Empreiteiras investigadas em um esquema de desvio de recursos públicos federais e pagamento de propinas em Mato Grosso são acusadas de pagar despesas pessoais do ex-prefeito de Confresa, Gaspar Lazari.

O político está entre os presos na segunda fase da Operação Tapiraguaia, deflagrada na manhã desta quinta-feira (22).  

Entre as despesas custeadas com valores de propina estão contas de energia elétrica do ex-prefeito, faturas de cartão de crédito, além de despesas feitas em hotéis.

A informação foi revelada pelo delegado da Polícia Federal, Carlos Henrique Cotta D’Angelo, que coordena a operação.

“Identificamos que contas pessoais desse senhor eram pagas pelas empreiteiras que recebiam dinheiro do Governo Federal e não realizavam as obras no município (pontes)”, explicou D’Angelo.

“Distribuía-se o que comumente se chama de propina e o ex-prefeito, além de receber em sua própria conta, conta de seus familiares e também em espécie – há provas nesse sentido – também havia contas comuns como cartões de crédito, contas de hotéis, até de energia que ele passava para que empreiteiras pagassem”, acrescentou o delegado.

Durante a coletiva, o delegado afirmou que os fatos desbaratados na operação são, no mínimo, “pitorescos”.

“Ele criava dívidas em hotel aqui em Cuiabá, por exemplo, e falava pro empreiteiro: 'paga minha conta aí no hotel'. Eram boletos, dívidas da família. Ele dizia assim: 'Minha filha comprou não sei que e fez dívidas no cartão, paga o boleto para mim'. Isso tudo está identificado”, disse o delegado.

Atrapalhou investigações

O delegado Carlos Henrique Cotta D’Angelo lembrou que Gaspar Lazari já havia sido alvo da primeira fase da operação, ocorrida em 30 de janeiro deste ano.

Sua prisão ocorreu, conforme D’Angelo, em razão de ele estar atrapalhando as investigações.

“Houve a compreensão do Poder Judiciário que, desde a primeira fase da operação, o ex-prefeito iniciou uma tarefa muito intensa de desconstruir provas, desconstruir testemunhos, interferir no testemunho de pessoas. Essa é a razão de sua prisão preventiva”, explicou.

O esquema

Conforme a Polícia Federal, o ex-deputado Valtenir Pereira (MDB), no período entre 2014 a 2016, teria montado um esquema criminoso em conluio com empresários e prefeitos de Confresa e Serra Nova Dourada. Segundo a PF, cerca de R$ 601 mil teriam sido utilizados para pagamento de propina.

As investigações mostram que o então deputado teria viabilizado a realização de convênios entre o Ministério da Integração Nacional – Secretaria Nacional da Defesa Civil e as prefeituras, amparando-se na justificativa de construção de pontes de concreto emergenciais, devido às enchentes provocadas pelas chuvas.

Os prefeitos, beneficiados com os recursos federais, realizariam licitações repletas de irregularidades, combinando previamente com os empresários contratados para a execução das obras.

Conforme a polícia, os políticos exigiam propinas a essas pessoas, na medida em que fossem realizados os pagamentos.

A PF ainda aponta que os valores utilizados nas propinas provinham na maioria das vezes de medições fraudulentas, como atestados de serviços não realizados ou realizados a menor.

Os montantes seriam repassados aos gestores municipais e ao ex-deputado, por meio de depósitos/transferências em contas de terceiros.

As obras da Prefeitura de Confresa teriam gerado em torno de R$ 413 mil em propinas aos agentes públicos envolvidos, enquanto as de Serra Nova Dourada o montante de R$ 187 mil.



Comente esta notícia