Andrezza Dias
Da Redação
Após a Polícia Federal (PF) sequestrar duas fazendas em Barra do Garças durante uma ação de combate à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, o delegado da PF e supervisor da GISE/MS, Lucas Vilela, detalhou o esquema que envolve cerca de R$ 230 milhões em patrimônio do crime organizado no Brasil e no Paraguai. A ‘Operação Status’ foi deflagrada ontem (11) e tem o apoio da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai.
Segundo o delegado Vilela, as duas fazendas (Aliança e Terere) localizadas na região de Barra do Garças (a 509 km de Cuiabá) que estão estimadas em R$ 15,4 milhões eram usadas para lavar dinheiro. “Elas foram adquiridas, elas trazem o nome de um dos funcionários de confiança da organização criminosa, que foi pago o preço de R$ 10,5 milhões. Além destes pagamentos, eles fizeram grandes investimentos na fazenda com maquinaria agrícola e reformas. Aparentemente, eles tiveram algum prejuízo com a plantação de arroz, mas as fazendas também foram constituídas empresas para promover a lavagem de dinheiro”, afirmou.
Ainda de acordo com informações da PF, a propriedade do empresário, no Manso, em Chapada do Guimarães (a 70 km de Cuiabá) e que foi preso preventivamente era usada para o lazer da organização criminosa e contou até com show particular de uma famosa dupla sertaneja no local.
Em Chapada dos Guimarães e Cuiabá, foram localizados cinco imóveis, com valor estimado de R$ 23,5 milhões. Sobre o empresário, Vilela disse que ele não movimenta conta bancária em nome próprio, apesar do patrimônio exorbitante, e que não declara nenhuma renda a Receita Federal. “Está tudo em nome de sua esposa. A gente não sabe se é uma relação de parceria ou de subordinação aos líderes da organização criminosa.”
Quanto à concessionária Classe A, em Cuiabá, as investigações indicam que apesar de funcionar efetivamente, a garagem era usada para movimentação ilícita do dinheiro. “Essa é garagem de veículos que está sediada em Cuiabá, mas ela leva o mesmo nome de veículos daqui, possuem diversos veículos de luxo. Na conta da empresa, a gente obteve as quebras de sigilo fiscal e bancário, muitos depósitos do sistema de pagamento usado por doleiros, muito capital ilícito, apesar deles efetivamente venderam, trabalhar com a venda de alguns veículos, grande parte do capital que circula pelas contas das empresas, ela tem origem ilícita, utilizadas para fins de lavagem de dinheiro”, explicou o delegado.
Operação Status
A operação foi batizada de ‘Status’ em alusão à ostentação de alto padrão de vida mantida pelos líderes da organização criminosa, com participações em eventos de arrancadas com veículos esportivos de alto valor, contratação de artistas famosos para eventos pessoais e residências de luxo.
No Brasil, as ordens judiciais são cumpridas por policiais federais nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
No Paraguai, ocorre o cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e busca e apreensão em coordenação com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, em doze locais nas cidades de Assunção e Pedro Juan Caballero.
O esquema criminoso investigado tinha como ponto principal a lavagem de dinheiro do tráfico de cocaína, por meio de empresas de “laranjas” e empresas de fachada, dentre as quais havia construtoras, administradoras de imóveis, lojas de veículos de luxo, dentre outras.
A estrutura, especializada na lavagem de grandes volumes de valores ilícitos, também contava com uma rede de doleiros sediados no Paraguai, com operadores em cidades brasileiras como Curitiba, Londrina, São Paulo e Rio de Janeiro.
(Com informações do VG Notícias)