Taffaréu Tarcísio e Vanessa Martins
TV Anhanguera e G1 GO
O major da Polícia Militar Cristiano Silva de Macena, suspeito de sequestrar e estuprar duas irmãs de 11 e 12 anos, foi exonerado do cargo de comandante da Companhia de Policiamento Especializado (CPE) de Rio Verde, no sudoeste Góis. A informação foi divulgada pelo Comando Geral da PM.
Nesta sexta-feira (25), o juiz plantonista Rodrigo de Melo Bruscolin, decidiu em audiência de custódia, manter a prisão do major preventivamente.
O advogado George Santos Pereira, que defende o major, disse que vai estudar as possibilidades que podem ser tomadas após a conversão da prisão em flagrante para a preventiva.
“Até o momento não conversei com ele a respeito dos fatos em si. Irei aguardar a conclusão do inquérito”, comentou o advogado, que disse não ter detalhes sobre a exoneração do major do cargo de comandante do CPE.
“Essa questão da exoneração eu não estou sabendo porque eu acompanhando o processo administrativo, só acompanho o processo criminal mesmo”, afirmou.
Em nota, a PM informou que o Comando Geral determinou, imediatamente, a exoneração do major do cargo de chefia e nomeou para função de comandante do CPE de Rio Verde, o capitão Ronniery de Moraes.
No comunicado, o Comando Geral “reiterou seu compromisso com os princípios éticos, morais e legais; além do que, medidas correicionais foram adotadas e o policial militar em comento encontra-se à disposição da justiça”.
Audiência de custódia
O promotor Fabrício Lamas Borges, plantonista do Ministério Público de Rio Verde, acompanhou a audiência. Ele já havia protocolado o pedido de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva contra o policial militar.
“A prisão foi decretada pelos fundamentos pedidos pelo MP”, comentou Lamas.
No pedido de prisão preventiva, promotor citou, “entre outros motivos, a gravidade concreta dos fatos, a periculosidade demonstrada pelas condutas do investigado e o risco que a liberdade dele traz para a instrução processual, notadamente por indícios que ele teria extraviado uma prova durante a sua prisão”.
O caso, segundo o MP, corre em segredo de Justiça para preservar a intimidade das vítimas.
Após a audiência, o policial voltou para a academia da PM, em Goiânia, onde está preso.
Crime e investigação
O crime aconteceu na madrugada de terça-feira (22). As investigações apontaram que a casa em que as vítimas estavam com a avó foi invadida por volta de 3h30. Segundo os registros, a avó foi amarrada no local e as meninas levadas em um carro, depois abandonadas perto de uma escola.
A princípio, a Polícia Civil acreditava que dois homens teriam cometido o crime, mas a presença de um segundo autor foi descartada. A prisão do major ocorreu na tarde de quarta-feira (23).
Imagens de câmeras de monitoramento registraram a caminhonete, que seria do major da Polícia Militar Cristiano Macena, perto da casa das meninas que foram sequestradas e estupradas . O delegado regional, Carlos Roberto Batista, acredita que ele se preparou para esse momento.
"Existe essa possibilidade [de o PM ter premeditado o crime], porque ele participou de uma operação policial na casa das meninas no mês de agosto. Nós acreditamos que [o motivo] seja alguma perversão sexual", disse.
Segundo a Polícia Civil, consta no depoimento das crianças que, enquanto eram levadas da casa da avó de onde foram sequestradas, sentiram que o veículo passou em alta velocidade sobre um obstáculo e bateram a cabeça no teto do veículo - que bate com a gravação.
A Perícia Técnico-Científica disse que encontrou fios de cabelo e marcas de dedos na caminhonete do PM. Esse material será analisado para saber se pertence às vítimas de estupro, como explicou o perito criminal Paulo Henrique Lima.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas disseram que o autor do crime usava uma meia-calça sobre o rosto para não ser reconhecido, mas que, por vezes, levantava-a e era possível ver a metade de baixo da cara dele.
O mesmo policial militar chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), junto com outros 16, por tortura, morte e ocultação de cadáver. A denúncia é de janeiro de 2018, mas a vítima identificada no caso é Célio Roberto Ferreira de Sousa, que não foi visto depois de abordagem.