Permitir-se amar e transformar as limitações em novidades, em carinho, em descobertas. Eu sou cadeirante e sei do que estou falando. Com pouco mais de um ano de idade, eu tive poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil. O vírus atingiu minha mobilidade. Fiz muita fisioterapia, recuperei parte dos movimentos, mas minhas pernas ficaram atrofiadas e foram para sempre afetadas.
Mas quero fazer deste texto não um tormento e, sim, esclarecimento e exemplo. Quero dizer a outras pessoas com deficiência que é possível se reinventar e se permitir. Não é um processo fácil. Passa por aceitação, autoconhecimento, autoestima, exigir respeito e uma dose de sensibilidade das pessoas.
Aos 49 anos me sinto bem resolvida e tenho o sonho de incentivar outros deficientes a quebrar esse tabu que é a sexualidade da pessoa com deficiência. Hoje tenho um namorado que me aceita e me motiva a desconstruir mitos sobre o assunto.
Já alerto que o fato de eu estar namorando não é uma questão de sorte. Tem muita relação com minha aceitação e eu encontrar alguém que respeita minhas limitações. Sou diferente! Não sou assexuada. Diga-se de passagem, minha sexualidade vai muito além de ter um orgasmo como prazer sexual.
Meu namorado me ajuda a transpor as barreiras físicas e sociais. Andamos de mãos dadas e recebemos olhares curiosos. Ele sempre brinca que as pessoas me olham porque sou a mulher com as pernas mais lindas do mundo. Sinto-me maravilhada e cheia de luz para sorrir. É como se eu dissesse ao mundo: “se eu posso transpor barreiras, você pode muito mais, não perca tempo aí me estranhando”.
Pessoas com deficiência física e até mesmo intelectual merecem ter prazer sexual e conhecer seu corpo. Sim!
Deficientes fazem amor ou apenas transam das mais diversas formas. O relacionamento é para todos. Não há restrições. O problema é que sobra preconceito e falta de conhecimento.
Por isso, quero desconstruir alguns mitos e crenças equivocadas. Vamos lá!
Mito 1) Pessoas com deficiência são assexuadas. Não! Elas têm sentimentos, pensamentos e necessidades sexuais.
Mito 2) Pessoas com deficiência são hipersexuadas. Mito! O interesse por sexo é variável em pessoas com deficiências, assim como é para não-deficientes.
Mito 4) Pessoas com deficiência não podem ter orgasmos. Podem! A deficiência pode até vir a comprometer alguma fase da resposta sexual, mas isso não impede a pessoa de ter sexualidade e de vivê-la prazerosamente.
Mito 5) Não podem ter filhos. Mito! Há casos em que a deficiência pode prejudicar a vida reprodutiva, mas não é a maioria. Eu mesma tenho uma filha de 14 anos e ela não tem deficiência física.
Deficiência não é uma doença. Quando eu me abri para a vida, a deficiência não me impediu de ter relacionamentos saudáveis, casar, ter uma filha e agora voltar a viver um amor que havia se perdido no tempo e foi retomado há dois anos. Permita-se!
Rose Garcia é formada em Administração e gestora pública
Assessoria
Anderson Barbalho 28/10/2021
Parabéns Rose Garcia, mulher guerreira, exemplo de mulher e de determinação.
Simone Vieira Alves 31/05/2021
Parabéns pela Iniciativa Rose.
2 comentários