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POLÍTICA Quinta-feira, 07 de Novembro de 2019, 12:58 - A | A

07 de Novembro de 2019, 12h:58 - A | A

POLÍTICA / Araguainha

Bolsonarista, prefeito diz que extinção de municípios é proposta maluca e ilógica

Jacques Gosch
RD News



O prefeito de Araguainha (a 467 km de Cuiabá), considerado o  município menos populoso de  Mato Grosso e o terceiro  do Brasil, Sílvio José de Moraes Filho, o Silvinho (PSD),  está decepcionado com o presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) que teve seu apoio e voto nas eleições de 2018. O motivo é a proposta apresentada ao Congresso Nacional que pretende extinguir os municípios com menos de cinco mil habitantes e arrecadação menor que 10% da receita total. Outras 33 cidades mato-grossenses podem ser atingidas.

Segundo afirma a aprovação da proposta pode transformar Araguainha em “cidade fantasma”. Isso porque acredita que grande parte dos pouco mais de 1 mil habitantes optariam por deixar o município caso voltasse a ser distrito de  Alto Araguaia.

“Araguainha hoje, entre efetivos e contratados, tem cerca de 200 servidores. Se a gente voltar a ser distrito de Alto Araguaia, tenho certeza que o prefeito não vai manter todo esse pessoal. Não temos comércio para absorver toda essa gente. O pessoal vai caçar outro rumo. Esse projeto do presidente Bolsonaro é maluco, sem lógica. Para nós, é desastroso. Temos 55 anos de emancipação. É uma história que não pode terminar”, disse Silvinho em entrevista ao RD News.

Historicamente, o PT venceu as eleições no município. Entretanto, acabou derrotado no ano passado quando  Bolsonaro que obteve 52,64% totalizando 329 votos e o petista Fernando Haddad alcançou 47,36, o que somou a ele 296 votos.

O resultado favorável a Bolsonaro pode ser atribuído ao empenho de Silvinho, que pediu votos para o candidato conservador e de direita. Agora, o prefeito evita dizer que está arrependido, mas admite que está sendo cobrado pelos munícipes.

“Em Araguainha, toda vida o PT ganhou no primeiro e segundo turno. Pela primeira vez, conseguimos fazer a oposição ganhar. Agora, ganhamos esse presente de grego do presidente. É triste. O bem mais precioso que temos na família  é a mãe. A sensação que tenho é que alguém chegou e disse: sua mãe está na UTI e não adianta fazer mais nada”, completou.

Apesar da decepção, Silvinho conta que já entrou em contato com os prefeitos de Serra da Saudade (MG) e Borá (SP), que são o primeiro e segundo municípios menos populosos do Brasil, respectivamente, para tentar reverter à situação. Na próximo semana, gestores dos pequenos municípios devem se reunir com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e com as entidades municipalistas dos estados, incluindo a Associação Mato-Grossenses dos Municípios (AMM), para buscar uma audiência com o presidente Bolsonaro.

“Vamos tentar sensibilizar o presidente Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes e a equipe do Palácio do Planalto para que essa PEC seja retirada. Esse projeto não pode nem ser apreciado. Os pequenos municípios já estão sendo prejudicados. Um empresário queria abrir um hotel em Araguainha e desistiu diante da possibilidade de voltar a ser distrito. Me comunicou que não vai mais investir aqui”, lamentou.

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