Carlos Martins
Folha Max
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Fiscal, deputado Wilson Santos (PSDB), considerou um “erro” a tomada do depoimento doleiro Lúcio Funaro em uma sessão secreta da CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal na Assembleia Legislativa. A oitiva ocorreu na tarde desta quinta-feira (19).
“Não havia necessidade. Eu lamento porque este depoimento poderia ter sido feito tranquilamente às portas abertas”, disse o deputado, que espera que não aconteça o mesmo na próxima segunda-feira, quando a CPI vai ouvir a partir das 14h o presidente do Grupo Amaggi, Judiney Carvalho.
“A CPI vai continuar seus trabalhos. Na próxima segunda-feira teremos o presidente da Amaggi. Espero que não seja secreto. Eu sou um voto pela transparência. Liberdade completa da imprensa cobrir, mas havendo requerimento eu sou obrigado a discutir e submeter a votação”, afirmou.
Em relação ao depoimento prestado pelo doleiro Lúcio Funaro, Santos disse que ele respondeu às perguntas, entretanto, não trouxe, nem apresentou nenhum documento, mas se colocou à disposição para compartilhar toda a sua delação junto à Procuradoria Geral da República (PGR). “A CPI vai procurar todas essas delações, vai compartilhar estes documentos em relação a agentes públicos, pelo menos do Estado de Mato Grosso”, anunciou o deputado. “Ele disse que tem muita coisa importante na delação que ele fez e que o único órgão que ele confia é na Procuradoria Geral da República. Tem questões que ele respondeu e questões que ele se sentiu meio melindrado e consultou seus dois advogados que sugeriram à CPI que peça o compartilhamento de provas”, acrescentou.
Santos contou que perguntou ao depoente se ele tinha algum documento a apresentar e ele disse que não, mas Funaro deixou aberto o seu sigilo bancário, telefônico, e repassou dados do seu advogado para que o contato com a CPI seja feito.
“Ele não quis citar, evitou citar nomes. Ele disse que na delação citou nomes de políticos e agentes públicos. Como a delação está em segredo de justiça, ele sugeriu que nós solicitemos ao STF e a PGR tudo o que ele disse e os nomes citados”, explicou Santos, que afirmou que a CPI vai solicitar as delações.
Sobre as perguntas que ele fez ao doleiro, Santos disse que quis saber qual a participação de Funaro nos negócios da JBS em Mato Grosso, qual o envolvimento dele com agentes públicos de Mato Grosso, como ele entrou nesse cenário nacional, e quais as ações dele ao BNDES. “Ele disse que não teve nada a ver com o BNDES e afirmou que liberou mais de R$ 10 bilhões para a JBS. Algumas perguntas ele respondia ou dizia que podíamos solicitar o compartilhamento”, relatou Santos, que salientou que os outros membros da CPI também fizeram perguntas (Valmir Moretto, Dilmar Dal Bosco, Nininho e Janaina Riva).
No depoimento prestado à CPI, Lúcio Funaro disse que frequentava a casa de Joesley Batista (foi presidente do Conselho de Administração do Grupo JBS) em São Paulo e que nunca viu na casa dele nenhum governador de Mato Grosso, nem Silval Barbosa, Blairo Maggi ou Pedro Taques. “Ele via ministros do governo, ministro da fazenda, da Casa Civil no governo do PT”, contou Wilson Santos.