Douglas Trielli
Mídia News
O governador Mauro Mendes (DEM) voltou a criticar o presidente da França, Emmanuel Macron, durante um encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e outros governadores, na manhã desta terça-feira (27), para tratar sobre a crise das queimadas na região amazônica do País.
Para o democrata, o líder francês “surfa” nas cinzas da Amazônia para criar “barreiras verdes” para produção do agronegócio brasileiro. Mais cedo, ele já havia criticado Macron em uma entrevista à Folha de São Paulo.
“O que me preocupa mais é essa guerra de comunicação que se estabeleceu, que está sendo patrocinada pelos nossos principais concorrentes mundiais. O senhor Macron, que é um concorrente dos nossos produtos do Agro, está surfando nas cinzas da Amazônia, não está preocupado com o meio ambiente”, afirmou.
“Está preocupado em criar mecanismos - ele veio com essa conversa na mídia internacional - para criar barreiras verdes, ligado a essa questão de um possível comportamento não adequado no nosso País”, acrescentou.
Mendes pediu que Bolsonaro crie um plano de comunicação interna. Para ele, há um clima hostil na imprensa que nada colabora para imagem do País em outros países.
“Não vamos ganhar essa guerra lá fora se perdermos a guerra aqui dentro. Temos, hoje, um ambiente hostil, uma imprensa hostil, que realmente coloca lenha na fogueira, jogando muitas vezes contra o País. Mas é uma realidade que teremos que lidar com ela”, disse.
"E viver essa relação que temos com os países concorrentes que também colocam lenha na fogueira. Mas se nós, sob sua liderança e de seus ministros, articularmos um plano para este momento e o pós, tenho certeza que seremos muito melhores do que estamos hoje”, afirmou.
O governador disse, ainda, acreditar que em menos de dois meses a questão dos incêndios estará resolvida no País. E ressaltou que a questão do desmatamento já é política de todos os atuais gestores.
“Neste momento, vejo que temos que priorizar as ações que estão sendo lideradas pelas nossas Forças Armadas, pelo Governo Federal, para apagar os incêndios. Um ou dois meses isso acaba, porque vamos conseguir ter eficiência em nossas ações, mas também terão as chuvas em tempo muito próximo”, disse.
“O desmatamento ilegal é um trabalho contínuo, que tem que ser melhorado, porque isso afeta diretamente a imagem do nosso País nessa questão ambiental. A área ambiental eu vejo como abre alas para o agronegócio brasileiro. Se ela for profundamente afetada, o agronegócio brasileiro terá dificuldades no mundo afora”, afirmou.
Reservas indígenas
Ainda no encontro, o governador de Mato Grosso defendeu mudanças na política da exploração de reservas indígenas e ambientais.
Para ele, a exploração de até 2% desses locais não irá afetar sua preservação. Ele defendeu que Bolsonaro coloque o “dedo na ferida” nesse quesito.
“Já ouvi tantas e tantas vezes dizer que nosso País tem riquezas enormes nas nossas reservas indígenas. E ninguém foi capaz de fazer nada para mudar isso. Então, presidente, sob sua liderança, com sua coragem e a competência de sua equipe, é hora de colocarmos o dedo nessa ferida. Não queremos tirar terra de índio, não. Queremos as riquezas que lá estão e para tirar essas riquezas, podemos afetar 1% a 2% dessas áreas”, disse.
“Não podemos ter uma casa com um quadro na parede que vale milhões e ter nossos filhos passando fome. E é isso que acontece neste País. Temos pessoas que morrem de fome, morrem por falta de remédio e nós ouvindo essas histórias de que tem milhões e bilhões em reservas de áreas indígenas, em reservas ambientais. E para tirar isso, menos de 5% seria afetado. E ninguém neste planeta pode dizer que mudar 5% de um ambiente vai comprometer as nossas riquezas ambientais”, completou.
Em seguida, Bolsonaro concordou com Mendes e citou a demarcação e ampliação de ao menos três reservas em estudo, em gestões passadas, para Mato Grosso. “O meu entender é que seu Estado, cada vez mais, se inviabiliza se este tipo de política continuar a se fazer presente na presidência da República”.
Ele ainda citou que o País precisa de uma política de inclusão do índio.
Por fim, Bolsonaro concordou com as críticas de Mendes a Macron e disse que o francês amarga índices negativos de popularidade em seu País.