Redação
O Globo
Polícia Federal indiciou o ministro do Turismo , Marcelo Álvaro Antônio (PSL), sobre o uso de candidaturas-laranja no PSL em Minas Gerais. A PF ainda não divulgou os nomes de outras dez pessoas indiciadas. A informação foi confirmada pela TV GLOBO. O ministro ainda não se manifestou.
Ex-presidente estadual do diretório de Minas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, Álvaro Antônio é investigado por supostamente ter envolvimenro com candidaturas de fachada para desviar dinheiro de fundo eleitoral.
Duas ações da PF já foram deflagradas para investigar o caso. Em abril, a primeira fase da operação cumpriu sete mandados de busca e apreensão em cinco cidades de MG, incluindo a sede da legenda em Belo Horizonte. A segunda fase aconteceu em junho e cumpriu três mandados de prisão, tendo como alvo principal o assesor especial de Álvaro Antônio, Mateus Von Rondon.
Os casos sobre os quais se debruçam os agentes envolvem candidaturas femininas que teriam sido utilizadas para desviar recursos dos fundos eleitoral e partidário nas eleições do ano passado. No diretório mineiro, o presidente local do partido durante o período em que as irregularidades teriam acontecido era o deputado federal Marcelo Álvaro Antonio, hoje ministro do Turismo.Na esfera nacional, quem representava a sigla era Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência e antigo homem-forte de Bolsonaro. Bebianno acabou demitido após tentar amenizar a crise causada pelas denúncias, que também envolvem suspeitas de irregularidades no Ceará e em Pernambuco.
Nos dois estados, mulheres afirmam terem se candidatado pelo partido para ocupar vagas na Câmara dos Deputados em campanhas que visavam permitir o cumprimento de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros da Corte definiram em março de 2018 que 30% do dinheiro público destinado ao financiamento das campanhas deveriam ser utilizados para investimentos em candidaturas femininas. Nesse contexto, as candidaturas laranja permitiriam ao partido driblar a regra, como se ela tivesse sido regularmente atendida — o que não teria acontecido se, confirmadas as denúncias, os recursos tiverem sido desviados.
Denúncias em MG
Um dos casos de possíveis candidaturas laranja envolve diretamente o ministro Marcelo Álvaro Antonio, sob acusação de ter participado pessoalmente de uma reunião com a candidata Zuleide Oliveira sobre o assunto. A situação veio à tona através de uma reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” e acabou protocolada como denúncia junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais. Segundo Zuleide, o ministro, ainda enquanto presidente estadual do partido em MG, teria conversado com ela em seu gabinete parlamentar em Belo Horizonte e garantido que o PSL cuidaria de toda a documentação para a candidatura dela, sendo necessário apenas que ela assinasse documentos. Posteriormente, os recursos destinados a ela teriam sido desviados pelo PSL.
Ainda naquele mês, outra candidata do PSL ao cargo de deputada federal por MG afirmou que um assessor de Marcelo Álvaro Antonio teria condicionado um repasse de R$ 100 mil do fundo partidário da legenda para a campanha dela à devolução de R$ 90 mil ao partido. Adriana Moreira Borges contou que a garantia de retorno dos valores deveria ser dada por meio de nove cheques com valores em branco assinados por ela.
O ministro foi convocado por senadores a prestar esclarecimentos no Congresso sobre o tema. Àquela altura, em meados de março, o presidente Jair Bolsonaro já havia reiterado que aguardaria o fim das investigações para decidir se demitiria ou não o subordinado — essa semana, ele entrará no quinto mês à frente da pasta do Turismo. Aos parlamentares, Marcelo Álvaro Antônio afirmou que não fez nada que não estivesse previsto pela legislação e garantiu que nunca fez qualquer "procedimento inadequado que pudesse macular a imagem dele ou do partido".