Rodivaldo Ribeiro/Folhamax
Cuiabá - MT
O senador Jayme Campos (DEM) afirmou que, a se confirmar a responsabilidade dos primos Pedro (ex-governador, PSDB) e Paulo Taques (ex-secretário da Casa Civil) ou qualquer outra pessoa no esquema de interceptações telefônicas ilegais apelidado de Grampolândia Pantaneira, todos devem ser exemplarmente punidos, porque esse é o tipo de ato que excedeu os limites até do período ditatorial mais recente do Brasil (1º de abril de 1964 até 15 de março de 1985). Punição, entretanto, que só deve vir após o obrigatório trâmite legal, com garantia ampla de defesa e contradições, mesmo que tenha, segundo denunciaram nesta semana policiais militares, sido perpetrado por aliado direto do grupo político dele na ocasião, as eleições de 2014. “Esse assunto está nas mãos da justiça, mas é o tipo de prática que deve ser extinta. Quem tiver culpa no cartório tem que pagar. Porque é um absurdo. Isso não existe, é fazer invasão de sua privacidade. Nem no regime da ditadura existia essa prática”, disse.
Jayme referia-se a uma pergunta feita com base nos depoimento dados nas tardes de 17 e 18 deste mês na 11ª Vara Criminal de Cuiabá, que julga crimes militares, pelo cabo da PM, Gerson Luiz Correa Junior, e o coronel Evandro Lesco. Os dois foram reinterrogados na ação que trata dos grampos ilegais no Estado.
Ambos confessaram participação no esquema criado em 2014, durante a campanha do então senador Pedro Taques e que permanecera ativo por boa parte da gestão. Lesco revelou que operações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) que apuraram crimes de corrupção foram baseadas em escutas realizadas por meio de “barriga de aluguel” (o ato de grampear uma pessoa sem autorização da justiça utilizando o nome de alguém anteriormente autorizado). “Isso é muito ruim pro Brasil e sobretudo muito ruim para Mato Grosso. Temos que extinguir essa prática, se ela existiu no passado”, disparou o senador Jayme Campos.
Gerson já havia confessado participação no esquema em depoimento em junho de 2018, mas fez novas revelações sobre o caso nesta semana. Chegou a tentar acordo de colaboração premiada com o Ministério Público trazendo à luz nove fatos nos quais teria participado ou sabido. Alguns comprometiam promotores de justiça e procuradores que já atuaram no Gaeco. O pedido, entretanto, foi rejeitado pelo procurador Domingos Sávio, coordenador do Núcleo de Atuação de Competência Originária (Naco). O membro do MPE alegou que o cabo não trazia fatos novos, nem provas das acusações que levava.