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POLÍTICA Sábado, 29 de Abril de 2023, 08:58 - A | A

29 de Abril de 2023, 08h:58 - A | A

POLÍTICA / São Félix do Araguaia

Território indígena no Araguaia fica fora das novas demarcações assinadas por Lula

Terra indígena Cacique Fontoura, do povo Karajá, localizada em São Félix do Araguaia, não foi beneficiada

Olhar Direto



O presidente Lula assinou, nesta sexta-feira (28), o documento que demarca seis dos 13 territórios indígenas que haviam sido reivindicados ainda durante o Governo de Transição. Os processos estavam parados desde o último ano da gestão de Michel Temer e durante todo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e aguardavam apenas a assinatura do chefe do Executivo federal.

Entre os processos que ficaram de fora, estão o da terra indígena Cacique Fontoura, do povo Karajá, localizada em São Félix do Araguaia (1.040 km de Cuiabá).

A assinatura ocorreu durante o encerramento do Acampamento Terra Livre (ATL), que reuniu aproximadamente 5 mil indígenas, em um grande acampamento, em Brasília. Também estavam presentes quase 500 pessoas da delegação de Mato Grosso, de 20 povos diferentes.

A expectativa era de confirmação da demarcação do território do povo Karajá, que acabou não sendo homologado.

O pedido fazia parte de uma reivindicação apresentada ainda durante o Governo de Transição, por meio de um relatório levantado pelo Grupo de Trabalho de Povos Originários, que apontou a
necessidade de demarcação de 13 novos territórios. Durante o ATL, a presidente da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), Eliane Xunakalo, chegou a manifestar o interesse pela demarcação de mais territórios no estado.

"Gostaríamos que fosse mais de uma Terra Indígena de Mato Grosso, mas estamos torcendo para que ao menos a Cacique Fontoura seja homologada durante o ATL. O Estado precisa reconhecer que é um território originário para que o povo consiga garantir seu modo de viver", disse a presidente.

Apesar da reivindicação, nesta sexta-feira (28), apenas seis regiões foram efetivamente demarcadas, são elas: Arara do Rio Amônia (AC), do povo Arara; Rio dos Índios (RS), do povo Kaingang; Kariri-Xocó (AL), do povo Kariri-Xocó; Tremembé da Barra do Mundaú (CE), do povo Tremembé; Avá-Canoeiro (GO), do povo Avá-Canoeiro; e Uneiuxi (AM), do povo Maku Nadëb. Ainda durante o acampamento, Lula garantiu a instituição do Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI), envio de R$ 12,3 milhões para compra de insumos para comunidades Yanomami e recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI). O presidente também discursou pela possibilidade de novas demarcações ao longo da gestão.

O processo de demarcação deve seguir as sete etapas e circula entre a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Ministério dos Povos Indígenas, Casa Civil e, por último, deve ter a assinatura do presidente. Ainda no último dia 8 de março, a Justiça Federal chegou a determinar que a União promova a edição do decreto de homologação da demarcação da Terra Indígena Cacique Fontoura.

O território teve sua demarcação física finalizada ainda em 2009. Já em 2010 foi enviado para o Ministério da Justiça, onde aguardaria a expedição de decreto homologatório. Entretanto, houve a informação de que o procedimento seria editado para decreto homologatório, mas, até esta semana, não houve mais atualização da situação.

Na decisão judicial, a magistrada da Vara Federal Cível e Criminal da Subseção Judiciária de Barra do Garças, Danila Gonçalves de Almeida, enfatiza que o que está em discussão no caso é o cumprimento do procedimento previsto em lei e não a declaração judicial de que a terra seja ou não indígena.



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