Elayne Mendes
Gazeta Digital
A suspensão das cirurgias eletivas em Mato Grosso devido à pandemia causada pelo coronavírus (covid-19) fez com que o ano de 2020 fosse finalizado com uma fila de quase 24 mil pacientes à espera por algum procedimento cirúrgico no Estado. As cirurgias do tipo foram retomadas de forma gradativa em Cuiabá, em outubro, e até o dia 23 de dezembro 1.120 haviam passado pelo centro cirúrgico. Das unidades hospitalares que realizam os procedimentos na Capital, o São Benedito é o único que ainda não retomou as atividades nesse segmento, uma vez que atende pacientes com covid-19.
Atualmente, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), há 23.801 pessoas na fila da Central de Regulação aguardando por algum tipo de cirurgia eletiva. A Pasta frisa que as operações estão sendo realizadas aos poucos, com o objetivo de não deixar a fila estagnada e também garantir a segurança clínica dos pacientes. Os hospitais Municipal de Cuiabá (HMC), Santa Helena e Geral (HGU) já retomaram as atividades eletivas desde 1º de outubro.
Paciente do Hospital São Benedito, o frentista Marcinho Araújo da Silva, 40, é um dos que aguardam ansiosamente por uma cirurgia em Cuiabá. Com dores intensas na coluna, no início do ano, ele passou por consulta na unidade. Alguns exames foram solicitados que, devido à urgência, tiveram que ser realizados na rede particular. “Foram exames caros, como ressonância da coluna, por exemplo. Mas, graças a Deus, a família ajudou e fiz todos rapidamente”. Com os resultados em mãos, ele retornou ao médico, que deu o diagnóstico informando que o caso dele é grave e necessita de cirurgia com urgência. O quadro foi encaminhado para a Central de Regulação e a expectativa era que até o mês de março de 2020 ele fosse operado. “Mas, logo na sequência, houve a confirmação do primeiro caso de covid-19 local e as cirurgias foram suspensas, para o meu desespero. O médico me afastou do trabalho por 360 dias e passei a receber pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Isso viria a ser outro problema para mim mais tarde”.
De março até o momento, o frentista, além de continuar sofrendo diariamente com dores, muitas vezes não conseguindo nem andar, ainda enfrenta problemas financeiros, pois o INSS só pagou duas parcelas do seguro. Marcinho frisa que só não passou necessidades porque teve a ajuda de familiares. “Eu fiquei sem poder trabalhar e até hoje continuo com dores. Ou seja, além de não resolver um problema, ainda arrumei outro”.
Sem suportar as dores na coluna e dependendo da esposa e irmãos até para tomar banho, ele se dirigiu novamente ao São Benedito, no dia 18 de setembro. Na ocasião, o médico entregou novo atestado reforçando que o tratamento via medicamentos não deu resultado e, por isso, mais uma vez reforçava a necessidade de cirurgia, que ainda estava sem previsão de ocorrer. “Ele me deu mais 180 dias de afastamento e dei nova entrada no INSS. Agora, só me resta aguardar”.
No último dia 18, Marcinho teve que retornar mais uma vez à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Morada do Ouro, para tomar morfina, único medicamento que passa temporariamente as dores. “Não aguento mais viver assim. Preciso operar e resolver o problema definitivamente”.
Metas 2021
Dentre os planejamentos da SMS para 2021, está o de reduzir a fila de cirurgias eletivas. Conforme a secretária de Saúde, Ozenira Felix, “a redução das filas de cirurgias eletivas é compromisso do prefeito Emanuel Pinheiro com a população na sua segunda gestão”. Destacou que em breve vai se reunir com a equipe da Central de Regulação para definir uma nova metodologia para dar celeridade às filas de cirurgias eletivas. Assim que as novas normativas forem definidas, a Secretaria irá divulgá-las.
Outro lado
Em se tratando do caso do frentista Marcinho Araújo da Silva, a SMS informou que a unidade solicitante do procedimento eletivo é o Hospital São Benedito e como ainda está atendendo pacientes com covid-19, as cirurgias não urgentes continuam suspensas.