Andrezza Dias
Semana7
Empresário de Barra do Garças (a 516 km de Cuiabá), o brasileiro-palestino Mohammad Leimoun, de 36 anos, diz de sua preocupação com a família, que mora a Cisjordânia, e do atual conflito entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas. A disputa territorial se arrasta por décadas e se intensificou no início deste mês após um ataque ao território israelense.
(Segundo o Ministério da Saúde da Palestina e o Al Jazeera, até ontem (18), o número de mortos em decorrência do conflito ultrapassava 4.900, sendo 3.542 palestinos e 1.400 israelenses. Já os feridos somavam mais de 17.775, desse total, 12.000 na Faixa de Gaza, 1.300 na Cisjordânia e 4.475 em Israel).
Em entrevista ao Semana7, Mohammad [que nasceu na Palestina] conta que há três anos os cinco filhos foram morar com sua esposa na Cisjordânia (a 40 km de Jerusalém) para estudar e aprender sobre a cultura local. Apesar de certa distância do conflito, concentrado nas regiões de Israel e da Faixa de Gaza, ele afirma que o clima naquela área é de insegurança.
“Meus filhos nasceram no Brasil, mas como temos dupla cidadania lá somos tratados como palestinos. Então, a gente não pode rezar na mesquita de Jerusalém, que é a mesquita sagrada dos mulçumanos, não podemos usar o Telaviv, que é o maior aeroporto da região comandada por Israel. Sempre temos que nos deslocar através da Jordânia e de lá nos conectarmos ao mundo”, disse Mohammad.
Mesmo na região que ele define como “tranquila entre aspas”, uma vizinha de sua família, segundo disse, “foi morta a tiros em um dos bloqueios israelenses ao buscar atendimento médico em uma cidade próxima”.
Mohammad prossegue e assegura que o clima é de total insegurança pela presença de pontos israelenses que circundam a cidade de cerca de 8 mil habitantes onde vive sua família.
“A Cisjordânia não é um lugar de fácil locomoção de uma cidade para a outra. Há quase 2 mil cidades na região e entre elas há sempre uma barreira em que não te deixam atravessar, bloqueiam. É uma região comandada por Israel e isso dificulta nossas vidas. Não podemos transitar por onde queremos”, diz ele.
Durante a entrevista, o comerciante barra-garcense se emocionou ao falar sobre as mortes de civis palestinos, especialmente de crianças e mulheres na Faixa de Gaza [território de 365 km² na fronteira com o Egito e Israel].
Na Faixa de Gaza nem todos são extremistas
O empresário detalha que em “Gaza não tem nada. A estrutura é fraca, não tem esgoto, não tem água. Imagina 2,2 milhões de habitantes sem água e sem nada para comer, com todas as barreiras fechadas. Eles querem liberdade. Não querem guerra e sim viver bem. Estamos no século 21 e a coisa mais simples que poderíamos ter é liberdade de viajar a hora que quiser, comer o que você quiser. E quem paga o preço disso são as crianças de Gaza”.
“Quando se joga uma bomba em um prédio não diferenciam se há soldados ou civis. Acho que agressão leva a agressão. A dificuldade traz dificuldade. A coisa mais preciosa de que precisamos é a liberdade”, diz ele e lembra que “na Faixa de Gaza nem todos são extremistas, já demonstramos isso, mas nossos vizinhos israelenses não estão aceitando isso”.
Apesar da conjuntura bélica na região, Mohammad diz acreditar em uma solução justa para o conflito entre israelenses e palestinos. “Acho que deve ter participantes que realmente querem a solução definitiva. [...] se não houver uma força que entenda o lado palestino e o lado israelense nunca teremos paz”.
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Yusuf Qasim 19/10/2023
Precisamos de paz completa. Precisamos de verdadeira liberdade. Precisamos de independência.
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