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POLÍCIA Quarta-feira, 12 de Maio de 2021, 06:59 - A | A

12 de Maio de 2021, 06h:59 - A | A

POLÍCIA / OPERAÇÃO RENEGADOS

Policiais e advogado usam delação para extorsão de alvos em MT

Novas fases de operação devem ser deflagradas em breve.

Pablo Rodrigo
Gazeta Digital



Depoimento de um dos alvos da Operação Renegados aponta que três delatores usaram a colaboração premiada aceita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para extorquir outros envolvidos nas investigações de uma suposta organização criminosa dentro da Polícia Civil de Mato Grosso. O uso do Gaeco para realizar extorsões foi revelado na declaração dada ao próprio Gaeco por Domingos Sávio Alberto de Santana, vulgo 'Prej", que busca um habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ) e anexou o depoimento junto ao pedido.

No documento, "Prej" afirma que um dos delatores, chamado 'Daniel', lhe informou em um encontro que outro colaborador, chamado 'Borjão', o teria citado na colaboração premiada, e o orientou a procurar um advogado e que após vários encontros, o advogado sempre lhe passava informações da delação premiada. "Que o interrogando assinou contrato com o advogado, tendo cópia do contrato, tendo efetuado o pagamento de R$ 5.500,00, pago através transferência bancária da conta do interrogando para a conta do advogado para realizar uma colaboração premiada, tendo combinado o pagamento de R$ 10.000,00, tendo o advogado dito que não precisaria fazer colaboração premiada, pois estaria blindando o interrogando no Gaeco, mas o interrogando continuou cobrando o advogado para apresentá-lo no Gaeco, mais ele sempre apresentava subterfúgios e dizia que no momento oportuno iria apresentá-lo", diz trecho do seu depoimento dado no último dia 6 de maio.

Ainda segundo 'Prej', os dois policiais delatores extorquiram R$ 25 mil de R.T.S sob ameaça de que o mesmo seria preso. "R.T.S posteriormente confirmado ao interrogando que 2 policiais o abordaram na sua camionhonete Ranger, cor preta, nas proximidades do Auto Posto Carajás, na avenida Miguel Sútil, e disseram para R.T.S que ele estaria com um mandado de prisão em aberto, sendo que no caso de não pagar seria preso, tendo R.T.S dito ao interrogando que iria pagar pois R.T.S responde por processos criminais, inclusive um com condenação de 13 anos, tendo R.T.S dito que teria pago o valor de R$ 25.000,00 para esses 2 policiais civis e que eles estariam usando uma viatura caracterizada", diz outro trecho do depoimento.

A extorsão a R.T.S teria ocorrido após "Prej" ter contado aos delatores dos crimes de R.T.S que é seu ex-sócio, e que após a extorsão, "Prej" recebeu R$ 4 mil em compensação. As declarações revelam que os delatores e o advogado aproveitaram do acordo de delação firmado junto ao Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) para 'fazer dinheiro', extorquindo algumas pessoas.

A Operação Renegados foi deflagrada no último dia 4 de maio, quando 15 dos 22 alvos foram presos. Atualmente apenas 5 alvos se encontram foragidos.

Os atos investigados pelas corregedorias das polícias Civil e Militar ocorreram a partir de 2017 e resultaram na ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo as investigações, um dos líderes do grupo criminosos era chefe de operações de uma delegacia na Capital. Ele é acusado de usar o cargo para encobrir os crimes do grupo, além de atrapalhar as investigações dos casos.



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