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Os motoristas de aplicativo se reúnem em manifestação contra a alta dos preços dos combustíveis. Essa é a segunda vez, em menos de uma semana, que a categoria se organizam contra a explosiva inflação da gasolina, etanol e diesel, que chegou a ultrapassar R$ 4 essa semana. Organizada pelo sindicato da categoria, a ação se concentrou, por volta das 15h de hoje, na Orla do Porto e seguiu pelas ruas de Cuiabá.
Integrantes do movimento como modalidade de protesto o abastecimento de R$ 1 em postos de combustível da cidade.
Manifestação semelhante ocorreu ontem (10) em Cáceres. Motoristas de aplicativo, taxistas e mototaxistas e condutores comuns de carro fizeram carreata e chegaram a ir a postos exigindo o combustível a R$ 1, com nota fiscal. “Está difícil trabalhar”, disse o motorista Kelvin Vittorazi, de 29 anos, que participou do movimento.
De acordo com o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo (AMA), Cleber Cardoso, mais de 100 motoristas, que alugam carros para transporte, devolveram os carros para os inquilinos por conta da alta dos preços. “Não dá para trabalhar. Ele tem que pagar o aluguel e ainda levar o dinheiro para casa. É insustentável”, diz.
Kelvin diz também enfrenta a mesma situação em Cáceres. “A cidade não tem emprego. Várias pessoas vivem dos aplicativos, inclusive eu, e já desistiram. Foram montar espetinho, alguma coisa. Não está dando mais”, pontua. Ele pontua que o toque de recolher e o fechamento do comércio afetam ainda mais, já que não há passageiros para transportar.
Já na Capital, Cleber cita casos de motorista que conseguiu fazer apenas R$ 45 em uma manhã. “É uma coisa absurda e assusta! ”, exclama. A categoria está preocupada com a situação e o presidente da AMA compara que o profissional “está tirando da boca da família para colocar no combustível”.
Nessa situação, muitos têm desistido de ser motoristas por aplicativos. Mas, aqueles que vivem somente de viagens por aplicativos, encaram o desemprego. A baixa da economia e o crescimento da pandemia de coronavírus também têm causado prejuízos para empresas. Kelvin também cita que, assim como os outros desistiram das corridas em Cáceres, ele também pensar em desistir e abrir outro negócio.
O presidente da AMA aponta em cálculo que o motorista, que roda uma média de 12h por dia (até o aplicativo bloquear para ele não trabalhar horas seguidas), gasta todo o tanque. O que, segundo o Cleber, é um custo de R$ 180 por dia. “Tem três dias que a conta não está fechando. Ele simplesmente está pagando combustível e o aluguel ou prestação do carro”, disse.
“É uma conta cruel. O motorista tem que levar bruto para casa R$ 250. Se ele levar menos do que isso, ele não ganhou nada”.
Para muitos motoristas de aplicativo, a saída tem sido o GLV. Há uma fila de espera de mais de 300 motoristas para fazer a instalação do equipamento por R$ 4,5 mil e empresa agendado para abril. “É uma coisa que ninguém dava atenção, mas o desespero bateu muito alto”, diz o presidente da associação. Com ele, o profissional consegue economizar de 40% a 50% do combustível.
Kelvin diz que, no próximo sábado, haverá outro protesto, bem maior do que ontem, contra essa alta.