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Na imensidão verde da Reserva São Francisco do Perigara, em Mato Grosso, um espetáculo silencioso encanta quem tem o privilégio de presenciar: dezenas de araras-azuis empoleiradas lado a lado, como se tivessem marcado um encontro à beira do galho para uma pausa estratégica — o lanche da tarde.
A cena, registrada pelo biólogo Bruno Henrique C. (@bhc_bio), coordenador da reserva, foi compartilhada nas redes sociais do Instituro Onçafari e viralizou entre amantes da natureza.
“Cada ararinha no seu galho”, brinca a legenda, com uma dose de carinho e respeito por essas aves que, além de exuberantes, são símbolo de resistência.
A arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) é a maior espécie de arara do mundo e uma das mais ameaçadas. Com penas intensamente azuis e olhos expressivos, essas aves enfrentam há décadas a destruição do habitat e o tráfico ilegal.
A boa notícia é que, graças a esforços de conservação como o do Onçafari e a Reserva São Francisco do Perigara, o cenário tem mudado.
A reserva, localizada na região norte do Pantanal mato-grossense, abriga uma das maiores concentrações de araras-azuis livres do planeta. Lá, pesquisadores monitoram, protegem e estudam essas aves em seu habitat natural. E, vez ou outra, são presenteados com imagens como essa — um verdadeiro retrato da harmonia entre espécie e ambiente.
“Esse momento do lanche é quando elas se reúnem, geralmente nas cercas de áreas protegidas ou em galhos próximos aos buritizais, onde costumam se alimentar. É uma rotina delas, mas cada clique revela um pouco da beleza dessa organização natural”, explica Bruno, que há anos se dedica à conservação da espécie.
Além da proteção em campo, o projeto também incentiva o apoio público. Através do programa “Amigo da Arara”, qualquer pessoa pode contribuir para a preservação das araras-azuis, com doações a partir de valores simbólicos.
“É uma forma de engajar quem está longe, mas quer fazer parte dessa história de resistência e revoada”, completa o biólogo.
A imagem das ararinhas organizadas, cada uma em seu posto, parece saída de uma pintura. Mas é real. E é também um lembrete de que a convivência entre humanos e natureza ainda é possível — basta vontade, cuidado e, claro, um galho para cada um.
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