Joice Santos
O projeto Bendizê foi contemplado em 2020 pela Lei Aldir Blanc da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso (SECEL-MT) no edital MT Nascentes. Pensado originalmente como um teatro de bonecos itinerante que iria percorrer a comunidade Quilombola de Mata Cavalo contando as histórias do célebre personagem Antônio Mulato, o projeto Bendizê ousou uma nova forma de narrar os contos antigos vivenciados pelos seus moradores.
O coletivo Nandaia formado por artistas, estudiosos e defensores da cultura mato-grossense tem divulgado nas mídias a importância de se manter viva a história dos povos quilombolas da região de Mata Cavalo. Antônio Mulato é um símbolo que faleceu aos 113 anos, mas a sua memória rica foi passada pelas gerações que ainda contam suas histórias, benzem com suas rezas e compartilham ao mundo os costumes e vivências quilombolas.
Para propagandear as prosas e casos da vida no quilombo antigamente o coletivo Nandaia criou um teatro de bonecos em que o personagem Antônio Mulato descreve detalhes históricos no chão daquelas terras e na identidade dos remanescentes.
“É um projeto que já nasce grande e potente com o objetivo de democratizar o acesso a vida de pessoas tão importantes para a história,” defende Julieta, artista bonequeira que fez à mão o boneco de Mulato.
Com a pandemia, o espetáculo que estava com data marcada para percorrer o quilombo passa por uma modernização. Papéis sementes serão distribuídos para os moradores do quilombo e demais interessados para que solicitem o vídeo no seu próprio whatsapp. Posteriormente, o papel pode ser depositado na terra revelando-se como uma planta que pode ser utilizada como alimento.
Flávia Brito historiadora que faz parte da equipe comemora o patamar alcançado pelo projeto Bendizê. “Estamos conseguindo vislumbrar uma nova forma de levar a história a outras pessoas em tempos muitos difíceis, e para além dos muros e das telas negacionistas, a cultura resiste e existe!” finaliza.