Redação com Agência da Notícia
Prefeita de Ribeirão Cascalheira, Elza Divina Borges Gomes (PL), está sendo alvo de denúncia por compra de votos, caixa dois, e abuso de poder econômico. Eleita em 2024, ela enfrenta atualmente acusações que podem levar à perda do seu mandato. A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), em trâmite desde janeiro de 2025 na Justiça Eleitoral da comarca de Canarana, aponta indícios de compra de votos, caixa dois e abuso de poder econômico durante a campanha, conforme noticiou o portal Agência da Notícia, de Confresa. Vídeos, boletins de ocorrência, movimentações financeiras e uso de estrutura privada para influenciar agentes públicos compõem o dossiê que poderá definir sua carreira daqui para a frente.
As denúncias contra a prefeita Elza dão conta do transporte irregular de eleitores até acordos financeiros não declarados com cabos eleitorais, assim como uso de veículos de comunicação para propaganda antecipada. A documentação anexa ao processo inclui vídeos, (que mostram transporte de eleitores indígenas no dia da eleição), testemunhos, boletins de ocorrência e registros públicos.
Em 6 de outubro de 2024, o então segurança da candidata, Elton de Souza Santos, conhecido como "Jacaré", foi flagrado transportando indígenas em um veículo particular, acompanhado do filho do candidato a vice-prefeito, Eduardo Parafuso. (A abordagem foi registrada em vídeo por policiais militares e anexada ao processo).
Apesar das provas, nem a Polícia Militar nem o Ministério Público Eleitoral tomaram providências. Ambos, segundo a denúncia, são inquilinos de imóveis pertencentes à prefeita, o que levanta suspeitas sobre possível conflito de interesses. Outro ponto central da ação envolve Otávio Milani, ex-coordenador político da campanha, que registrou boletim de ocorrência afirmando ter recebido 100 mil reais da então candidata. Além disso, teria firmado acordo informal para o recebimento de 15 mil mensais ao longo do mandato — o que totalizaria 720 mil não declarados à Justiça Eleitoral.
Dados do Portal da Transparência confirmam pagamentos regulares até março de 2025, reforçando a existência de um acordo financeiro paralelo. Na prestação de contas da campanha, no entanto, consta apenas 12 mil em despesas similares, gerando uma diferença superior a 700 mil. Pouco tempo após as eleições, Milani adquiriu uma caminhonete Hilux 2024, registrada em nome da esposa, com indícios de entrada paga com valores de origem não comprovada.
BOI DE OURO
Milani também é proprietário de um telejornal em Cuiabá e dois portais de notícias. Segundo a denúncia, ele usou esses veículos para promover a candidatura de Elza e atacar adversários ainda durante o período de pré-campanha, configurando propaganda antecipada. Durante a campanha, Elza foi premiada em um evento em Cuiabá, o “Prêmio Boi de Ouro”, com ampla divulgação nas redes e portais de Milani — o que, para os autores da ação, indica um esforço coordenado para consolidar sua imagem pública com apoio de estrutura privada não declarada.
Ainda segundo informações, a prefeita Elza Borges também é uma das maiores fazendeiras e proprietária de dezenas de imóveis urbanos alugados em Ribeirão Cascalheira. Entre os locatários, conforme a denúncia, estariam autoridades públicas no município.
Em 13 de junho, o juiz Carlos Eduardo de Moraes e Silva julgou improcedente o pedido de cassação com base apenas em fotos, sem considerar os vídeos e demais provas. A decisão foi alvo de embargos de declaração, e o juiz pode reavaliar a sentença nos próximos dias. A comparação com o recente caso de Brasnorte, onde o prefeito foi cassado por práticas semelhantes, (compra de votos com indígenas), acende o alerta de que se as acusações forem confirmadas, a cassação da chapa eleita em Ribeirão Cascalheira será inevitável.