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SAÚDE Segunda-feira, 21 de Outubro de 2024, 16:00 - A | A

21 de Outubro de 2024, 16h:00 - A | A

SAÚDE / Outubro Rosa

‘Essa doença não tem idade’, diz jovem diagnosticada com câncer de mama aos 25 anos

Moradora de Canarana, Michelle Ortolan notou alterações nas mamas após um autoexame

Pamela Santana*
Semana7



“Quando eu recebi o diagnóstico eu fiquei sem chão, sou nova. Eu descobri uma força que não sabia que tinha dentro de mim, encarei essa doença desde o início. Foi um choque muito grande”, contou Michelle Ortolan. A jovem moradora de Canarana foi diagnosticada com câncer de mama, aos 25 anos.

Em 2021, Michelle identificou nódulos benignos nas mamas por meio de um autoexame e, desde então, iniciou acompanhamento médico com a indicação de um mastologista por ter histórico de câncer na família. Em fevereiro deste ano, ela iniciou o tratamento após a confirmação da doença.

“Eu sentia dores nas minhas duas mamas. Um dia, em casa, apalpei as minhas mamas e senti nódulos, mas eram benignos. Fiz exames de rotina para acompanhar e, com a realização de uma biópsia, quase três anos depois fui diagnosticada com câncer de mama”, contou.

Michelle afirma ter se sentido acolhida desde o início da doença. “Muitas pessoas estão me dando apoio emocional desde que descobri. O apoio emocional é muito importante porque mexe muito com o psicológico. Minha família, amigos e Deus estiveram comigo o tempo todo”, disse em entrevista ao Semana7.

Em maio, por meio de indicação médica, ela realizou um procedimento de retirada das duas mamas. A cirurgia foi realizada no Hospital do Câncer em Cuiabá e custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A jovem iniciou a segunda etapa do enfrentamento à doença com um processo de quimioterapia.

Diagnóstico precoce e autoexame

De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), 90% dos casos de câncer de mama não têm origem hereditária, enquanto o tipo hereditário corresponde de 5% a 10%. Michelle foi diagnosticada com Síndrome de Li-Fraumeni, que deixa o organismo predisposto a desenvolver a doença.

Atualmente, o Ministério da Saúde indica que mulheres brasileiras, com idade entre 50 e 69 anos, devem realizar a mamografia em um intervalo de dois anos. Para mulheres mais jovens, é indicado que, a partir de uma avaliação médica, o exame seja realizado em caso de histórico de câncer na família ou na identificação de nódulos nas mamas por meio do autoexame.

No entanto, um estudo divulgado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), apontou que os casos de câncer de mama em mulheres com menos de 35 anos passaram de 2% para 5% nos últimos anos.

‘Essa doença não tem idade’

A cada seis meses, Michelle precisará fazer exames de acompanhamento, devido à sua predisposição em desenvolver a doença. Atualmente, ela está no processo de realização das oito sessões de quimioterapia indicadas para o tratamento do câncer de mama. Com a conclusão desta etapa, a jovem fará uma cirurgia de reparo da mama, e para finalizar o processo, tomará um medicamento de bloqueio hormonal por cinco anos.

Ela aponta o mês de outubro como um mês de conscientização e reforça que o autoexame foi crucial no diagnóstico e tratamento da doença. “Essa doença, infelizmente, é mais comum do que imaginamos, ela não tem idade. Conheçam o corpo de vocês. Se notarem algo diferente nas mamas, procurem um especialista”, aconselha.

Cuidados preventivos

Para a oncologista clínica Anne Beatriz Carlos, as mulheres mais jovens precisam ser conscientizadas e incentivadas a conhecerem suas mamas. “A mulher tem que entender como é o formato da sua mama, apalpar a sua mama para entender como é a sua glândula mamária. Com a consciência de que percebeu algo de diferente, precisa buscar o médico para investigar, isso já pode ajudar essa mulher a ter acesso ao tratamento de maneira mais precoce”, explicou.

Ainda de acordo com a médica, em alguns casos, o autoconhecimento permite à mulher perceber os sintomas do câncer de mama. “Ele [câncer] pode ser percebido na forma de um nódulo, de um caroço. Ela vai saber identificar se tiver algum caroço na sua mama ou se tiver algum tipo de secreção pelo mamilo, uma secreção avermelhada, uma secreção semelhante a leite, ou uma secreção anormal, informou.

A adequação dos hábitos de vida é a prevenção primária do câncer de mama, segundo a especialista. “Buscar fazer consultas de rotina com o seu ginecologista, que vai fazer uma avaliação das mamas durante a consulta. Eu acho que é o mais importante que a gente pode indicar para mulheres jovens. Além de realizar atividade física regular, ter um padrão de alimentação equilibrado (com alimentos naturais), cuidar do peso corporal, não fumar, não se exceder no consumo do álcool”, disse.

Ações de conscientização e tratamento

O mês de outubro é mundialmente destinado para ações de conscientização e combate ao câncer de mama. De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce é um fator essencial para diminuir os riscos de mortalidade da doença.
Segundo a secretária de Saúde de Barra do Garças, Salete Lauermann, o município segue protocolos para garantir o tratamento adequado de mulheres diagnosticadas com câncer de mama.

“É realizado pela UBS o encaminhamento da paciente para especialistas que definem o tratamento, que pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia e acompanhamento psicológico. Esse tratamento é realizado atualmente no Hospital do Câncer em Cuiabá. O transporte e os gastos relacionados ao deslocamento são custeados pela Secretaria Municipal, para além de todo o apoio físico, psicológico e suporte social durante o tratamento”, informou.

Os exames regulares são realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e em Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de acordo com a secretária. “Realizamos encaminhamentos para direcionar as pacientes aos serviços de diagnóstico assim como de consultas com os especialistas, fornecendo educação em saúde com materiais informativos sobre a importância do autocuidado e o acompanhamento para promover orientação adequada, especialmente em caso de resultados alterados”, disse.

Em relação à importância de capacitar a rede pública do município, Salete afirma que “essas ações visam garantir que as mulheres recebam o cuidado necessário e tenham acesso a exames regulares, contribuindo para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama”.

*Com supervisão de Andrezza Dias

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